Anais do 15° SLACAN - Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos e Nutrição

A casca de cacau, constituindo mais de 80% do fruto, geralmente é descartada no ambiente, caracterizando um problema ambiental e um potencial bioeconômico desperdiçado, pois poderia sofrer hidrólise, liberando açúcares fermentescíveis. Porém, a presença de ácido acético e pectina no hidrolisado dificulta a sua aplicação em bioprocessos. Objetivou-se, portanto, avaliar diferentes métodos de extração de pectina na liberação de açúcares fermentescíveis na hidrólise da casca de cacau. Pré-tratamentos de despectinização foram realizados com a casca de cacau seca variando solventes (água ou ácido cítrico 2%) e condições (100ºC por 2h ou 120ºC por 20min). As biomassas despectinizadas e in natura foram submetidas à hidrólise ácida (H2SO4 1%, 120 ºC, 2 min), com posterior análise cromatográfica para a determinação de açúcares e ácidos. Entre os tratamentos realizados a 120ºC por 20 minutos, com água (T2) ou ácido cítrico (T4), e a biomassa in natura (T5), houve semelhança estatística das concentrações dos açúcares liberados, porém, o ácido acético foi reduzido em até 63% em T2 e T4. Em T2 houve maior extração de pectina (15,97 ± 0,01%), sendo a água 28% mais eficiente no processo. Comparando T5 com os tratamentos a 100 °C por 2 h, com água (T1) ou ácido cítrico (T3), T1, apesar de manter concentrações de açúcares similares a T5, também manteve o ácido acético (3,5 g/L). Em T3 houve maior extração de pectina (15,07 ± 0,51%) com redução do ácido acético (83%), porém, os açúcares foram reduzidos em até 88% em relação a T5. A casca de cacau, portanto, pode ser aproveitada para a extração de pectina e aproveitamento de açúcares, sendo a água a 120ºC por 20 minutos a condição mais promissora em termos de despectinização e remoção de ácido acético para a liberação de açúcares, auxiliando na viabilização da geração de bioprodutos de alto valor agregado.