Anais do I Simpósio Brasileiro de Morfologia Comparada de Vertebrados

Os ovos dos Squamata podem apresentar dois morfotipos de cascas: as “coriáceas”, mais flexíveis e as “calcáreas”, mais rígidas. Contudo, estes morfotipos constituem extremos de um contínuo e a variação nestes atributos entre espécies constitui um assunto relativamente pouco investigado. Neste trabalho descrevemos a morfologia da casca dos ovos calcáreos de seis espécies de lagartos Gekkota. Coletamos ovos das espécies-alvo no Ceará e Rio Grande do Norte entre 2016 e 2018 e levamos para incubação em laboratório. Após eclosão e confirmação das espécies, as cascas foram conservadas em álcool 70%. Amostras destas cascas foram trituradas e submetidas ao protocolo de rotina para análise de microscopia eletrônica de varredura. As descrições morfológicas foram feitas com base nas micrografias das face externa, interna e transversal da casca. Nas espécies analisadas, a casca é composta por duas camadas calcárias acompanhadas duas finas membranas localizadas na face interna e externa, e duas camadas fibrosas nas faces interna e externa. A camada calcária externa apresentou aspecto granuloso, enquanto a interna possuiu uma densa matriz de cristais poliédricos. As camadas fibrosas são compostas por poucas fibras entrelaçadas. Na face externa, geralmente foram encontrados detritos minerais (do solo onde foram realizadas as oviposições) de tamanho e forma variados aderidos à casca. Na face interna ocorreram pequenas projeções da camada calcária, rompendo a camada fibrosa e a membrana interna. A morfologia dos componentes da casca tem implicações para o entendimento da ecologia reprodutiva e adaptação ao ambiente nesses animais. Apesar de características peculiares encontradas para cada espécie, o padrão morfológico da casca do ovo é conservado nos Gekkota analisados.