INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL ENTRE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

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Resumo

A Insegurança Alimentar e Nutricional - InSAN ainda é um problema de saúde global. A presença de diversos estudos internacionais acerca da Insegurança Alimentar e Nutricional, entre estudantes universitários nos mostra a necessidade de olhar para esse grupo. Considerando escassez de estudos sobre InSAN com universitários brasileiros e de estudos sobre os auxílios estudantis na área da saúde, justifica-se o desenvolvimento desta pesquisa a fim de conhecer e analisar o perfil dos estudantes da Universidade Federal de São Paulo, Campus Baixada Santista - Instituto Saúde e Sociedade, na perspectiva da Segurança Alimentar e Nutricional. Método: Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, realizado em Santos/SP, na Universidade Federal de São Paulo, entre junho de 2017 e julho de 2018. Os estudantes de graduação foram divididos em dois grupos: os que recebem auxílio permanência - GRUPO 1 e os que não recebem e não solicitaram auxilio – GRUPO 2. Os instrumentos utilizados foram um questionário sociodemográfico e a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). A análise dos dados foi feita por meio de estatística descritiva simples, e os testes de associação por meio do teste exato de Fisher, teste t-Student e ANOVA, utilizando o software R. O estudo respeita os procedimentos éticos, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP. Resultados e Discussão: O perfil de cor e raça dos alunos não beneficiários - GRUPO 2 está mais próximo do perfil geral dos estudantes de Institutos Federais do Sudeste, no qual os alunos brancos permanecem sendo maioria (53,5%), seguido dos pardos (30,2%), depois, em quantidade bem menor os pretos (9,16%) e os amarelos (2%). Percebe-se que a porcentagem de pretos no GRUPO 1 (27,3%) é maior que no GRUPO 2 (6,9%) e ainda maior que a média da região Sudeste (ANDIFES; FONAPRACE, 2014), reafirmando a necessidade de se considerar este marcador de vulnerabilidade. A escolaridade dos pais também foi um dado que se apresentou bastante diferente entre os dois grupos. Os dados gerais da Região Sudeste apontam para aproximadamente 30 a 40% de pais com ensino superior, o que se aproxima mais do valor encontrado no GRUPO 2. Esse resultado evidencia a importância do auxílio permanência estudantil como política social promotora da quebra do ciclo intergeracional de vulnerabilidade, visto que a maioria dos estudantes beneficiários serão a primeira geração da família com formação superior. Com relação aos dados da EBIA, os resultados revelam altos percentuais de InSAN, em ambos os grupos (64,8% de INSAN), o que representa valores mais elevados do que a média nacional (22,6%). Além disso, foram encontrados valores ainda maiores no GRUPO 1, com relação ao GRUPO 2. É de se considerar a hipótese de que muitos estudantes não sabem administrar bem o dinheiro, já que em geral muitos são jovens. Ou que ainda que possa existir nesse grupo uma parcela de estudantes cuja condição socioeconômica se aproxima muito dos critérios de elegibilidade dos auxílios, e, portanto, pode sim ser um estudante em situação de vulnerabilidade social, mas não elegível para receber o auxílio (GAINES et al, 2014). A relação estatística entre as variáveis mensuradas (cor, nível de instrução dos pais, principal responsável pela renda, EBIA, quantia em reais disponível para manutenção na Universidade), nos mostrou que os alunos que possuem auxílio estudantil são os mais vulneráveis socialmente. O que vai ao encontro do previsto no edital do programa de bolsas, que é voltado para alunos em situação de maior vulnerabilidade .Foi possível perceber que estes alunos não têm assegurado o Direito Humano à Alimentação Adequada e que isso, além de estar associado às condições socioeconômicas, também está relacionada ao “ser” estudante. Uma vez que mesmo os alunos que não estão em situação de vulnerabilidade, podem enfrentar a InSAN. Não há dados suficientes para dizer o porquê, mas diversos estudos internacionais realizados em diferentes países, já nos mostraram que os estudantes universitários são um grupo de risco para InSAN, independente dos achados com relação à situação socioeconômica.

Instituições
  • 1 UNIFESP
Eixo Temático
  • Tema 1 - Direito Humano à Alimentação Adequada
Palavras-chave
Segurança Alimentar e Nutricional
estudantes universitários
Auxílio permanência estudantil