É com enorme satisfação que apresento a versão final dos anais do 28° CIAED -
Congresso Internacional ABED de Educação a Distância. São 293 artigos, distribuídos em seis trilhas temáticas, com as melhores produções, pesquisas, estudos e relatos de experiência. produzidas por uma atuante e significativa comunidade de profissionais, educadores e pesquisadores das áreas de educação a distância, educação híbrida e educação mediada por tecnologias digitais, congregada pela ABED. Resultado de uma enorme força de trabalho, a começar dos autores que submeteram seus artigos, passando pelos avaliadores, pelos coordenadores das trilhas e coordenadores de sessão, com o suporte da equipe da ABED, esta é uma das mais atuais e relevantes publicações científicas da área de Educação a Distância e tecnologias digitais na educação. Certamente será fonte de consulta e referência, a qual é disponibilizada gratuitamente pela ABED, como forma de disseminar material de qualidade e assim contribuir para a evolução e melhoria dos processos educacionais mediados por tecnologias.
Assumi a presidência do conselho científico da ABED em 2022, com a honrosa e desafiadora missão, a mim atribuída pelo Professor Fredric Litto, de coordenar o comitê científico do CIAED 2023. Tive o privilégio de receber das mãos do Professor Waldomiro Loyola, um processo consolidado, testado e bem sucedido de seleção e apresentação de trabalhos científicos. Mas essa dádiva também tornou o desafio ainda maior, porque seria necessário manter e, se possível, aprimorar a alta qualidade desse tradicional e importante congresso científico. Comecei então usando uma técnica que utilizamos em engenharia de software, que é dividir um grande problema em um conjunto de problemas menores. Dessa forma criei 6 trilhas e convidei duplas de pesquisadores competentes e experientes para coordená-las. Dessa forma, cada trilha funcionaria como um pequeno congresso científico e eu poderia cuidar de questões estratégicas de maneira mais eficiente. Após ter a confirmação dos convites que fiz aos professores
para coordenação das trilhas, senti-me seguro para ousar propor outras melhorias, tanto estruturais, processuais e operacionais, quanto na forma deste grandioso evento. Contei com o apoio e confiança da diretoria e do comitê científico da ABED, e a inestimável ajuda dos coordenadores de trilha e da equipe ABED, para implementá-las.
Apresento a seguir as principais alterações implantadas em 2023:
Nem todas as ideias puderam ser implementadas já neste ano. Algumas das inovações precisam de ajustes e aprimoramentos. Mas, conforme constatado na reunião do comitê científico realizada durante o CIAED 2023, cuja pauta foi a avaliação dos resultados obtidos, podemos comemorar os resultados positivos de mais esta realização da ABED, que também teve público recorde. E todas as sugestões de aprimoramentos, levantadas durante a mencionada reunião ou recebidas por outros meios, estão devidamente anotadas para implementação no CIAED 2024.
Concluo agradecendo a todos os envolvidos, autores, coordenadores, avaliadores, equipe avaliadores equipe técnica, além da diretoria e comitê científico e a você, leitor, a quem todo esse esforço é dedicado. Espero que aproveite bem todo esse rico conteúdo. Boa leitura!
Romero Tori
Presidente do Conselho Científico ABED
Coordenador do Comitê Técnico-Científico (CTC) CIAED
Professor Associado 3 da Escola Politécnica da USP
Educação Híbrida e Hibridização da Educação
Neste que será o primeiro CIAED a ser realizado após o encerramento do estado de emergência sanitária, decidimos resgatar o tema daquele CIAED que foi o último antes de a humanidade ter ingressado nesse inusitado período. Fazemos isso, não pela falta de novos possíveis temas, mas pelo aumento em importância, abrangência e diversidade que a hibridização ganhou na sociedade em geral - e na educação em particular - a partir da experiência coletiva vivenciada ao longo do extenso período de priorização do distanciamento físico. Parece que acumulamos trinta anos de experiência, e não apenas três. É como se os alunos que agora recebemos pertencessem a uma novíssima geração e a uma outra sociedade.
Tudo o que discutimos em 2019 sobre educação híbrida continua válido (ou quase tudo…), mas surgiram muitas novas demandas e possibilidades. O mundo do trabalho descobriu, e abraçou, os benefícios de mesclar, quando possível, o físico com o virtual. A sociedade em geral perdeu o preconceito com o teletrabalho, com a telessaúde e até com o telenamoro. As “lives” foram incorporadas em praticamente todos os segmentos e atividades sociais. Os metaversos ressurgiram com força, agora mais imersivos, poderosos e com potencial de se tornarem a nova forma de acesso à internet, potencializados pela chegada do 5G e disseminação da “internet das coisas”. Muitos alunos gostaram da experiência de ter o poder de pausar, avançar, pular, voltar, acelerar e/ou desacelerar seus professores durante as aulas. Por outro lado, todos passaram a valorizar ainda mais os momentos presenciais, mas desde que bem aproveitados. Deixou de fazer sentido para os aprendizes, confirmando o que os pedagogos já diziam há muito tempo, o deslocamento até um determinado espaço físico apenas para assistir a aulas expositivas. A aprendizagem ativa, a sala de aula invertida, entre outras estratégias de ensino-aprendizagem, em especial as híbridas, nunca foram tão necessárias. Igualmente, nunca houve momento tão propício para disseminá-las, implantá-las, avaliá-las e aprimorá-las.
Em 2019, quando “educação híbrida” foi tema do 25° CIAED, esse conceito era praticamente sinônimo de “blended learning”, ou seja, representava uma mescla planejada e sistematizada de atividades de aprendizagem desenvolvidas em espaços físicos e/ou virtuais, apoiados por objetos de aprendizagem analógicos e/ou digitais. Em geral, a experiência híbrida era planejada para o coletivo de aprendizes, em alguns casos com a possibilidade de uma certa personalização de conteúdos e mídias. Poucos meses depois, contudo, veio o período de aulas remotas emergenciais, seguido de um retorno gradual ao espaço físico, de forma intermitente e errática. Nesse contexto começou a ocorrer um fenômeno de hibridização, muito diferente da tradicional aplicação do chamado “blended learning”. Essa nova hibridização da educação não exclui o conceito tradicional, mas traz outros, além de maior flexibilidade, como a chamada educação simultânea, em que determinada atividade é desenvolvida simultaneamente em espaços físicos e virtuais, com parte dos alunos, e eventualmente até mesmo o professor, participando remotamente. Hoje, o próprio conceito de “presença” necessita de ressignificação, por não fazer mais sentido a atribuição de “presencial” exclusivamente a atividades realizadas sob o mesmo teto. Concomitantemente, surge no exterior o conceito de “hybrid learning", termo mais abrangente que inclui misturas quaisquer de remoto e local, analógico e digital, presença física e presença virtual, estruturadas e planejadas e/ou flexíveis e ad hoc. Se traduzirmos o “hybrid” para “híbrido” haverá colisão com a tradução comumente adotada para “blended”. Mais um ponto para discussão durante o 28° CIAED.
A comunidade de “educação a distância” já está habituada ao híbrido. A EaD foi também pioneira em utilizar, efetiva e amplamente, tecnologias digitais na mediação pedagógica. Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) nasceram e se desenvolveram na EaD e hoje são amplamente usados em cursos convencionais realizados em espaços físicos, tendo sido de grande valia durante o “ensino remoto presencial”. Um conhecido chavão diz que “o que funciona na sala de aula física não funciona na EaD”, o que tem justificado o desenvolvimento de metodologias e ferramentas específicas para aprendizagem a distância. O que poucos percebiam, é que o mencionado chavão não é bidirecional, ou seja, “o que funciona na EaD pode, sim, funcionar em cursos planejados para ocorrer em espaços físicos”, como já demonstraram os AVA e as atividades emergenciais desenvolvidas ao longo do período de emergência sanitária. O conhecimento que será compartilhado no CIAED é, portanto, de interesse não apenas da comunidade EaD mas de toda a área de educação.
Estamos em um momento único, em que torna-se imprescindível essa troca de experiências e conhecimentos entre pesquisadores, educadores, gestores, profissionais, escolas e empresas. Um sistema que já era complexo fica ainda mais intrincado com as demandas e possibilidades de hibridização. Espaços e tempos de aprendizagem, físicos, virtuais ou híbridos, necessitam ser repensados, aprimorados e avaliados. Metodologias, ferramentas, conteúdos, experiências, propostas, estudos, teorias, inovações, desafios, propostas e visões precisam ser compartilhadas e discutidas. Os princípios da Educação Aberta precisam ser revisitados em seu potencial de transformação das práticas educacionais em todos os níveis e modelos.
Muito se falou em “novo normal”. No 28° CIAED discutiremos e vislumbraremos o “novo futuro”: o futuro da educação e, consequentemente, da nossa sociedade.
Romero Tori
Presidente do Conselho Científico ABED
Coordenador do Comitê Técnico-Científico (CTC) CIAED
Professor Associado 3 da Escola Politécnica da USP
O texto acima, mapeando tematicamente o que será uma parte significativa do conteúdo do próximo Congresso Internacional ABED, e escrito pelo novo Coordenador do Conselho Científico da Associação, é, ao mesmo tempo, um desafio e um convite para todos os indivíduos interessados seriamente na aprendizagem intermediada pela tecnologia.
Como associação científica madura, a ABED tem a responsabilidade de oferecer uma verdadeira ágora na qual experientes profissionais testam suas ideias, teorias e práticas no meio de outros especialistas – um local onde novas experiências são relatadas, carreiras são iniciadas e avançadas, parcerias intelectuais e amizades pessoais são desenvolvidas.
Romero Tori, professor da Escola Politécnica da USP, identificou esplendidamente no seu texto a riqueza das novas possibilidades inerentes à EAD. Mas essa temática, não será o único tópico do conclave. Propostas de trabalhos científicos, mesas redondas e debates também serão considerados sobre outros aspectos da EAD. Encorajo veteranos e iniciantes a concorrer para um novo fazer que promete ser a nova e melhor ementa da EAD no Brasil até agora.
Fredric Michael Litto
Presidente da ABED
Professor emérito da USP
Membro titular da ABE
Com ~200 mil publicações revisadas por pesquisadores do mundo todo, o Galoá impulsiona cientistas na descoberta de pesquisas de ponta por meio de nossa plataforma indexada.
Confira nossos produtos e como podemos ajudá-lo a dar mais alcance para sua pesquisa:
Esse proceedings é identificado por um DOI , para usar em citações ou referências bibliográficas. Atenção: este não é um DOI para o jornal e, como tal, não pode ser usado em Lattes para identificar um trabalho específico.
Verifique o link "Como citar" na página do trabalho, para ver como citar corretamente o artigo