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Sinais e sintomas relacionados à fumaça cirúrgica: tempo de formado de cirurgiões

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Introdução: O centro cirúrgico é considerado um setor restrito quando comparado a demais setores de uma instituição hospitalar, e trata-se de um ambiente com riscos ocupacionais para a equipe de trabalho, como por exemplo, o risco químico representado pela inalação da fumaça cirúrgica gerada com a utilização do eletrocautério. Este equipamento possui a tecnologia de radiofrequência transformando a corrente elétrica de baixa em alta frequência realizando o corte e coagulação dos tecidos em diversas especialidades cirúrgicas. Dentre suas funções é possível perceber algumas vantagens diante do uso do eletrocautério como, a redução do tempo cirúrgico, diminuição do sangramento intraoperatório e a melhora na visibilidade durante o procedimento cirúrgico1. Como desvantagem durante sua utilização está à formação da fumaça cirúrgica evidenciada pela cauterização dos tecidos e que em sua composição há a presença de gases tóxicos que podem se acumular em forma de material orgânico, sendo prejudicial à saúde de cirurgiões, anestesiologistas, equipe de enfermagem do Centro Cirúrgico e daqueles que a inalam1. Esta fumaça pode ser formada por vírus, bactérias, contaminantes químicos e biológicos, sendo que 95% dela consistem em água e os outros 5% em partículas potencialmente prejudiciais a saúde2-3. Objetivo: Verificar a associação entre a prevalência de sinais e sintomas relacionados à inalação da fumaça cirúrgica e o tempo de formado dos cirurgiões. Método: Estudo transversal, descritivo, realizado no período de fevereiro a junho de 2016. A população de estudo foi selecionada através de um guia de convênio médico de uma cidade do Norte do Paraná, e foi constituída por cirurgiões de diversas clínicas. Os critérios de inclusão para a amostra foram: ser cirurgião e estar exposto à inalação da fumaça cirúrgica produzida pelo eletrocautério pelo menos uma vez na semana e como critérios de exclusão ser tabagista, pois podem apresentar sintomas semelhantes aos da exposição à fumaça cirúrgica. Para a verificação da presença de associação entre os sinais e sintomas relacionados à inalação da fumaça cirúrgica e o tempo de formação do cirurgião foi utilizado o teste exato de Fisher. O nível de significância adotado foi de 0,05. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob CAAE nº 46229915.0.0000.5231. Resultados: A amostra desse estudo foi composta por 45 cirurgiões. A maioria dos sinais e sintomas foi quantificada em cirurgiões com mais de 30 anos de formado, como por exemplo: irritação dos olhos (8,9%) P-valor de 0,83, sensação de corpo estranho na garganta (4,4%) P-valor de 0,63, fraqueza (2,2%), cefaleia (2,2%) e tontura (2,2%) com P-valor de 0,34 para cada sintoma citado anteriormente. Conclusão: Este estudo não representou significância estatística entre a associação dos sinais e sintomas e o tempo de formado dos cirurgiões, porém observou-se maior prevalência dos sinais e sintomas entre os cirurgiões com mais de 30 anos de formado. É importante ressaltar que 60% dos cirurgiões não acredita que esses sintomas estão relacionados à inalação da fumaça cirúrgica produzida pelo uso do eletrocautério. Portanto há recomendações para a minimização destes problemas com a instalação de exaustores em salas cirúrgicas e o uso da máscara N95 pelos trabalhadores expostos ao risco.