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Padrões de evolução e diversidade da anatomia vocal e das vocalizações em uma família de anfíbios anuros
Thiago de Carvalho
Universidade Estadual Paulista
Agora você poderia compartilhar comigo suas dúvidas, observações e parabenizações
Crie um tópicoVocalizações são os sinais mais amplamente utilizados como mediadores na atração de parceiros sexuais em anfíbios anuros. Esses sinais, conspícuos e estereotipados, têm sido investigados em diferentes temas, tais como seleção sexual, mecanismos de produção, processamento neural, entre outros. Leptodactylidae é um clado neotropical de anuros com mais de 200 espécies. Esse grupo apresenta uma alta diversidade de padrões acústicos, mas o órgão responsável pela produção de som nesses organismos, a laringe, ainda é pouco estudada e associada à diversidade de vocalizações conhecidas para o grupo. Esse estudo focou na primeira caracterização detalhada da anatomia vocal em Leptodactylidae e nas associações com a diversidade acústica conhecida para essa família de anuros. A anatomia da laringe foi caracterizada através da dissecação do aparato vocal. A anatomia vocal de 94 espécies, compreendendo onze dos treze gêneros de Leptodactylidae, foi caracterizada em detalhe. Os principais resultados: (1) diferentes graus de assimetria nas peças cartilaginosas, (2) tamanho relativo entre os músculos dilatadores e constritores, (3) presença, tamanho e posição relativa das massas fibrosas, (4) disposição e espessura das cordas vocais. As associações entre a anatomia vocal e as vocalizações foram, de maneira geral, fracas nas explicações de certos padrões acústicos, p. ex., pulsação, modulações de amplitude e frequência. As novidades estruturais no aparato vocal de Leptodactylidae fornecem evidência para o entendimento da evolução do design da laringe em Anura e implicações funcionais. Esse estudo também evidencia a importância do estudo da biomecânica vocal para entender os mecanismos de produção de som e estabelecer homologias nos padrões acústicos recorrentes nesse grupo de vertebrados.
Fernanda Rodrigues de Avila
Oi, Thiago. Gostei muito de conhecer o teu trabalho, parabéns.
Fiquei me perguntando se, tendo em vista a importância da vocalização na reprodução dos anuros, não seria possível extrapolar esses resultados para investigar também padrões mais gerais de isolamento reprodutivo dentro do grupo.
Diogo B. Provete
Olá Tiago, bem legal os resultados preliminares. Vc mencionou análises comparativas, tem idéia de quais análises especificamente pretende fazer?
Thiago de Carvalho
Oi Diogo,
Desculpa a demora. Eu não recebo notificação no e-mail quando escrevem aqui. Então, as primeiras análises que planejo fazer incluem as correlações e associações filogenéticas, começando com pgls e anova filogenética, mas quero explorar as correlações usando outros datasets combinados para morfo, ecologia, etc. Como vou calibrar as hipóteses filogenéticas, também quero usar modelos evolutivos para entender se as taxas de evolução do sistema mudam por clado. Além dos modelos mais usados (BM e O-U), também olhar pela perspectiva de modelos de difusão estocástica. A verdade é que não estou atualizado como queria sobre o que tem saído e que enriqueceria minhas análises e me ajudaria a responder as questões maiores. Se tiver sugestões ou críticas, fique à vontade para compartilhar aqui ou por e-mail (talvez seja até melhor). Abraço.
Diogo B. Provete
Bem legal as perspectivas. Eu fiz um mapa mental dos métodos que pode ser útil na escolha do que usar
https://coggle.it/diagram/WhbkkxE2BAAB0R0m/t/summary-of-phylogenetic-comparative-methods-diogo-b-provete
espero que ajude
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Thiago de Carvalho
Oi Fernanda. Grato pelo retorno positivo.
Olha, há estudos clássicos lidando com isolamento de espécies simpátricas através de "assinaturas" na estrutura das vocalizações. Desde experimentos de playback para machos e fêmeas coespecíficos ou heterospecíficos até o reconhecimento de componentes específicos da vocalização atuantes no reconhecimento específico e selecionados sexualmente. É verdade também, contudo, que extrapolamos estudos de algumas espécies-modelo para Anura.
Agora, o que ainda não entendemos bem, é como o comportamento vocal, ou seja, alterar a estrutura da vocalização, estão desassociada da estrutura produtora de som (a laringe), e, em outros casos, como laringes tão distintas produzem estruturas acústicas tão similares. Esse sistema me parece muito complexo e certamente ainda teremos que investigar vários aspectos de vários grupos de anuros para entendermos os padrões gerais. Em Leptodactylidae, é muito comum que espécies proximamente relacionadas coocorram e sejam similares ou crípticas morfologicamente, mas possuem vocalizações muito distintas.
Se tiver interesse em se aprofundar nesse tema, me envie um e-mail ([email protected]) e posso compartilhar alguns desses artigos/caps. de livro que mencionei acima e também para discutirmos sobre hipóteses e áreas que carecem investigação no tema.
Fernanda Rodrigues de Avila
Muito obrigada pela resposta, super esclarecedora, e pelo contato, vou escrever sim.
O motivo da minha curiosidade foi justamente essa dissociação, entre comportamento vocal e forma, que vocês encontram.
Foi um resultado que me levou imediatamente a especular sobre o papel do comportamento nos eventos de cladogênese do grupo.
Mais uma vez parabéns pelo trabalho.