Anais do I Simpósio Brasileiro de Morfologia Comparada de Vertebrados

Espécies ecologicamente semelhantes devem a priori apresentar similaridades morfológicas, da mesma forma, o grau de parentesco entre as espécies tende a refletir nessa similaridade. Analisamos 98 indivíduos de 3 espécies de anuros do gênero Physalaemus (P. cuvieri=17, P. carrizorum=37 e P. lisei=42), advindos dos Campos de Cima da Serra-RS, região de mosaicos campo-floresta com araucária. Tomamos 10 medidas lineares dos membros posteriores e cabeça que tendem a ser mais alongados em espécies florestais (velocidade de salto, natação) e robustos em espécies de campo (força para escavação). Apenas P. lisei possui hábitos florestais, enquanto as outras espécies são frequentes no campo, ocupando também bordas florestais. Na última hipótese filogenética proposta, P. lisei e P. carrizorum pertencem ao grupo P. gracilis e são mais próximas entre si do que com P. cuvieri. Nossas previsões são de que, caso a variação morfológica seja determinada principalmente por aspectos ecológicos, haverá alta sobreposição entre espécies de campo. A MANOVA apontou diferenças morfológicas entre as três espécies (F=4,187, p<0,001), as variáveis com maior efeito sobre P. lisei foram comprimento da tíbia (0,71) e do pé (0,67), nas demais espécies foi comprimento da cabeça (P. carrizorum=0,60, P. cuvieri=0,73). Já na análise de variáveis canônicas foi possível observar uma sobreposição entre P. carrizorum e P. cuvieri (Jackknife Cross- validation=80,85%, K=0,68). Nossos resultados, ainda que preliminares, levam a crer que fatores ecológicos tenham forte influência na variação morfológica dessas espécies. Como perspectivas futuras, pretendemos ampliar a representatividade de P. cuvieri e associar métricas de distância filogenética.