Anais do I Simpósio Brasileiro de Morfologia Comparada de Vertebrados

Estudos miológicos sobre Serrasalmidae são raros e as principais contribuições estão em trabalhos descritivos, funcionais ou filogenéticos da família. Especificamente para piranhas do gênero Serrasalmus, o maior dentro de Serrasalmidae com 27 espécies, poucos representantes foram analisados miologicamente. A musculatura esquelética dos peixes ósseos têm demonstrado sinal filogenético e ao menos cinco sinapomorfias miológicas já foram propostas para Serrasalmidae. Aqui, foi realizada uma descrição do complexo adductor mandibulae (AM) de Serrasalmus manueli. Este músculo é hipertrofiado e dividido em segmentum facialis (SF) e segmentum mandibularis (SM), sendo SF o mais desenvolvido. O SF e o SM são parcialmente conectados por uma aponeurose intersegmentar (AI). O SF é dividido em pars rictalis, pars malaris e pars stegalis. O rictalis possui origem nos ramos do pré-opérculo, com inserção no dentário e no ângulo-articular, medialmente ao ligamento preangulo-paramaxilar. Este ligamento conecta o ângulo-articular à margem anterior do maxilar e à margem lateral do ectopterigóide. O malaris é o maior músculo do SF, com origem na face lateral do suspensório, hiomandibular, paraesfenóide, pteroesfenóide e pterótico, e possui inserção na AI. O stegalis possui origem no metapterigóide, paraesfenóide e pteroesfenóide, também com inserção na AI, medialmente ao malaris. O SM é o menor músculo do AM, com origem no tendão mandibular acessório da AI e inserção na superfície medial do dentário. O SM possui uma constrição dorsal e uma expansão posterior, que sobrepõe dorsalmente parte do stegalis, características discutidas previamente como sinapomorfias para a família. O ligamento preangulo-paramaxilar alcançando o ectopterigóide é uma condição aparentemente única em Characiformes.