Anais do I Simpósio Brasileiro de Morfologia Comparada de Vertebrados

Pleurodira é o grupo de tartarugas caracterizado por retrair o pescoço lateralmente com dois morfótipos: as espécies de pescoço longo (PL) e as de pescoço curto (PC). A evolução desses morfótipos já foi estudada de modo filogenético, com algumas controvérsias, mas nunca investigado no contexto alométrico, no sentido de responder a perguntas sobre o que leva ao alongamento ou encurtamento do pescoço. Nós testamos a hipótese de que PL apresentam crescimento alométrico maior do que PC em sete das oito vértebras cervicais (VCs; C2-C8). O comprimento do centrum dessas VCs foi medido em 102 espécimes, contemplando os dois morfótipos e quase todas as linhagens. Os dados foram logaritmizados e uma regressão linear por RMA foi conduzida no PAST v.3.25; cada VC foi regredida com o comprimento total do pescoço obtido pelo somatório das C2-C8, e os coeficientes angulares foram testados pelo teste qui-quadrado entre os morfótipos. O morfótipo PL apresenta três módulos de crescimento: C2-C4 com alometria positiva(+), C5-C7 com alometria negativa(-) e C8 isométrica(=). O morfótipo PC apresenta crescimento modular na região anterior (C2-C3, =) e média (C4-C5, +), enquanto C6 é =, a C7 é + e C8 é -. Somente entre C3 não houve diferença significativa. A modularidade em PL pode ser resultado de uma restrição ecológica pelo modo que essas espécies capturam seu alimento (spear-feeding e sucção), no qual as VCs mais anteriores realizam o alinhamento da cabeça, enquanto as VCs posteriores funcionam na rotação do pescoço na predação e na retração do pescoço. Já em PC, a alimentação onívora não se traduz em uma restrição, e as VCs funcionam para a manutenção do movimento de retração. Logo, diferenças entre PC e PL se dão principalmente na parte anterior, em razão do tipo de predação em PL.