Anais do III Simpósio Internacional em Enfermagem em Adições

Introdução: O consumo abusivo de álcool e outras drogas tornou-se alvo de preocupação mundial, marcadamente pela precocidade do início do uso e pelas consequências a ele associadas. Dentre as explicações para este fenômeno, tem-se argumentado que o ingresso na universidade constitui um momento de maior vulnerabilidade, sobretudo porque esta mudança de ambiente envolve a vivência de novas experiências, o afastamento de vínculos afetivos prévios e a necessidade de formar um novo círculo de amizades. Nesse sentido, este estudo objetiva analisar o perfil do uso de substâncias psicoativas de universitários do município de Governador Valadares (MG). Método: Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, transversal e quantitativo. Foi aplicado questionário sociodemográfico e o ASSIST (Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test). A análise dos dados considerou o nível de significância de 5%. Resultado: A amostra foi constituída por 384 universitários. Foi observado equivalência entre os sexos e predominância da faixa etária de 22-24 anos. A maioria destes universitários é solteiro(a) (70,3%), sem filhos (87%), reside com familiares (70%) procedentes de cidades grandes (69%) e tem religião (95%). Observou-se que as mulheres tendem a usar mais tabaco (resíduo ajustado= -0,6) e anfetaminas/êxtase (resíduo ajustado= -1,3) do que os homens, enquanto eles tendem a usar mais cocaína/crack(resíduo ajustado= 1,9) e inalantes(resíduo ajustado=2,7) do que elas. Em relação ao padrão de uso, apresentaram um uso na vida predominante de álcool (57,3%), seguido de maconha (42,2%), tabaco (41,7%), cocaína/crack (28,4), anfetaminas/êxtase (21,6%) e inalantes (20,1%). No que tange o padrão de consumo foi constatado que 57,3% dos universitários experimentou bebidas alcoólicas ao longo da vida, sendo esta a droga mais utilizada no meio acadêmico e 28% dos universitários declararam uso intenso de álcool nos últimos 3 meses. Conclusão: A entrada na universidade inaugura um período de maior autonomia, possibilitando novas experiências que podem ser positivas, levando ao alcance de novas metas, mas que também pode se configurar como um período crítico, de maior vulnerabilidade e suscetibilidade ao uso e abuso de álcool e drogas, sendo imprescindível o conhecimento sobre o perfil desse público para o desenvolvimento de intervenções preventivas eficazes.