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Apresentação/Introdução
A percepção de discriminação traz consequências nefastas para a saúde física e mental. Alguns comportamentos de risco são utilizados como estratégias de enfrentamento para lidar com as experiências estressantes resultantes da discriminação. Entre esses comportamentos, os consumos de álcool e de tabaco merecem especial destaque, devido ao seu fácil acesso nas sociedades ocidentais.
Objetivos
O objetivo deste estudo é verificar se existe associação entre percepção de discriminação e consumo excessivo de álcool e tabaco em mulheres e homens do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil).
Metodologia
O ELSA-Brasil possui uma amostra de 15.105 funcionários públicos (8218 mulheres e 6887 homens) de seis instituições públicas de ensino e pesquisa das regiões Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil. Na presente pesquisa, trabalhou-se com os dados das ONDAS 1 e 2. Os dados foram coletados através do questionário multidimensional do ELSA-Brasil, que além das características sociodemográficas, avaliou a percepção de discriminação e o consumo de álcool e tabaco. Todos aqueles que aceitaram participar do estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O ELSA-Brasil foi submetido e aprovado nos comitês de ética das seis instituições participantes.
Resultados
Os resultados da análise multivariada mostraram que fumar está associado à discriminação econômica entre as mulheres (OR=1,18; IC95% 1,03 – 1,35). Entre os homens, destaca-se o consumo excessivo de álcool associado à discriminação por raça (OR=1.56; IC95% 1.22 – 2.00). Entretanto, isso desaparece quando ajustado pelas variáveis sociodemográficas. Ainda entre eles, o fumo foi associado a discriminação por condição econômica e aparência física mesmo quando ajustado por variáveis sociodemográficas (OR=1.29; IC95% 1.11 – 1.50 e OR=1.39; IC95% 1.16 – 1.66 respectivamente).
Conclusões/Considerações
O consumo de álcool e tabaco associa-se à percepção de algum tipo de discriminação na população do ELSA-Brasil. Atendendo à realidade brasileira em termos de desigualdade racial e socioeconômica, é urgente investir em políticas de saúde pública que combatam a discriminação que, além de contribuir para a continuidade das injustiças sociais, parece concorrer para comportamentos prejudiciais à saúde como o consumo excessivo de álcool e o tabaco.
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