Anais do Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva
Anais do 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva

Apresentação/Introdução
No âmbito do SUS, os hospitais de pequeno porte (HPP) ocupam uma posição ambígua nas redes de atenção à saúde. Apesar de sua capilaridade, em termos de distribuição espacial, esses hospitais enfrentam desafios operacionais e carência de infraestrutura adequada para prestação de cuidado. Considerando esse cenário o presente estudo pioneiro avaliou, in loco, toda a rede de HPP do Brasil.


Objetivos
O principal objetivo do trabalho foi caracterizar os aspectos associados aos HPP brasileiros e o desenvolvimento de métricas para avaliação de capacidade cirúrgica associada à estrutura de cuidado de urgência disponível.


Metodologia
O presente trabalho se caracteriza como um estudo ecológico transversal, censitário dos hospitais de pequeno porte brasileiros que possuíam até 50 leitos cadastrados no CNES em setembro de 2014. O porte do hospital foi o único critério de seleção utilizado. Para o nosso quadro de amostragem, foram incluídos um total de 3.524 hospitais, públicos e privados, incluindo todos os SH no país. Todos os HPP foram visitados para coleta de dados sobre: estrutura física, processos de trabalho, recursos humanos, financiamento, segurança do paciente. Dados de secundários do sistema de informação hospitalar e do sistema ambulatorial foram pareados para avaliar o desempenho de cada HPP.


Resultados
Dentre os 3524 HPP selecionados 2.777 autorizaram a coleta de dados. Os dados revelaram uma situação precária junto aos HPPs, em termos de disponibilidade de recursos necessários para realização de cirurgias. Os HPP possuem baixa produtividade, carecem de práticas de gestão de recursos humanos, dispõem de poucos serviços de apoio diagnóstico. Dentre os hospitais avaliados 1159, possuem uma estrutura de cuidado muito deficitária e sem capacidade cirúrgica, 883 possuem uma estrutura com pouca capacidade cirúrgica. Apenas 413 HPP possuíam condições de realizar pequenas cirurgias e internações. Para 322 HPP não havia registro de dados suficiente para analise de capacidade cirúrgica.


Conclusões/Considerações
O estado atual dos HPPs brasileiros destaca a necessidade de uma definição mais clara dos papéis assistenciais a serem desempenhados pelos mesmos. Falta aos mesmos capacidade cirúrgica, o que coloca em cheque sua atuação como hospitais. Assim é preciso discutir sobre políticas que possam agregar esse aparato de saúde à lógica de funcionamento do SUS para fomentar acesso e melhoria de qualidade nos serviços de urgência prestados à população.