Movimentos argumentativos nas substituições de designações para escravo na imprensa do século XIX

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  • Tipo de apresentação: Simpósio Temático
  • Eixo temático: ST37 - ENUNCIAÇÃO, TEXTO E ARGUMENTAÇÃO
  • Palavras chaves: escravidão; Político; Movimentos argumentativos; enunciação; Designação;
  • 1 Universidade Federal de São Carlos

Movimentos argumentativos nas substituições de designações para escravo na imprensa do século XIX

Nirce Aparecida Ferreira Silvério

Universidade Federal de São Carlos

Resumo

RESUMO: Sabemos que o acontecimento escravidão, no Brasil, desde o início, teve impactos sócio-históricos-econômicos e marcou-se por sua aceitação confortável, e ainda, por incisiva resistência, esta sendo a fuga de escravos, a organização de quilombos, de sociedades emancipadoras e abolicionistas, mobilizações em praças públicas e na imprensa. Nesse sentido, buscamos analisar a forma como se designou o escravo, ela se torna fundamental para compreendermos como ocorreram enunciações, quais se sobrepuseram, quais foram silenciadas. Assim, questionamos o porquê de mudanças de designações de escravo, é um importante caminho para refletirmos a respeito das formas com as quais se designa o escravizado ainda hoje, pois temos o escravizador contemporâneo, conforme atestam diversos grupos e instituições que fiscalizam, vigiam, denunciam a escravidão contemporânea. São instituições como a Pastoral da Terra, a Organização Internacional do Trabalho, entre outras. A partir da análise de textos jornalísticos do século XIX, questionamos o sentido de mudanças de designações para escravo e como estas mudanças sugerem relações com diferentes movimentos argumentativos em torno da escravidão, bem como relações entre novas formas de dizê-la ou de silenciá-la. Teoricamente partimos da Semântica do Acontecimento, fruto dos estudos do pesquisador brasileiro Eduardo Guimarães, que teoriza sobre os locutores/alocutários constituídos nos espaços de enunciação, que se manifestam nas cenas enunciativas que nos trazem acontecimentos enunciativos e dos estudos de Eni Orlandi, sobre discurso e movimentos dos sentidos. Buscaremos o espaço enunciativo em que estes sentidos são produzidos e como isto se relaciona com a argumentação. Assim, analisamos, em especial, o jornal Correio Paulistano de 8 de abril de 1888, que traz uma discussão sobre escravidão na Assembleia Provincial do estado de São Paulo textos do Jornal O Abolicionista do Rio de Janeiro. Nos dois jornais enuncia-se, primeiramente, a designação escravo, depois, elemento servil e finalmente, no jornal Correio Paulistano, aparece escravo, elemento servil e ex-escravo. Buscaremos as cenas enunciativas em que as mudanças de designações ocorrem e observaremos, por meio do jogo de sentidos, nestas cenas, as configurações do político, ou seja, a contradição entre a normatividade e a afirmação de pertencimento, conforme Guimarães (2005). Vemos que a imprensa do século XIX é perpassada por movimentos argumentativos contraditórios entre os que naturalizam e institucionalizam a escravidão e os que a questionam e lutam pelo seu fim.

           

 

 

PALAVRAS-CHAVE: Escravidão. Político. Movimentos argumentativos. Enunciação. Designação.

 

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