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No Brasil, dada a mudança do perfil epidemiológico e demográfico, a capacidade das Redes de Atenção à Saúde de garantir o acesso e a continuidade de cuidados a usuários com câncer inseridos na rede tem se tornado um grande desafio, o que acaba por atrasar diagnósticos e tratamentos, acarretando no aumento da incidência de usuários elegíveis aos cuidados paliativos. No entanto, as adversidades dos usuários persistem e não há equidade no acesso aos cuidados paliativos, fazendo com que muitas pessoas não recebam alívio a seus sofrimentos, sejam eles na esfera física, social, psicológica ou espiritual.
Na intencionalidade de ampliar o acesso, visto que os cuidados paliativos são reconhecidos como um componente fundamental dos sistemas de saúde no mundo, surgiu no Reino Unido, através do sociólogo Allan Kellehear, o conceito de “Comunidades Compassivas”, que compreendem a morte como processo da vida e essas comunidades preconizam promover uma boa saúde social, psicológica, espiritual e física, através de ações que envolvam toda a coletividade.
O conceito de Comunidade Compassiva acontece no Brasil a partir da presente iniciativa que traça a meta de implementar uma Comunidade Compassiva para promover os Cuidados Paliativos nas favelas da Rocinha e Vidigal, no município do Rio de Janeiro, através de um projeto de extensão universitário.
A iniciativa é baseada em laços comunitários, para tal a participação dos integrantes da própria comunidade é fundamental. Desta forma, moradores que já atuavam espontaneamente de forma compassiva cuidando de seus vizinhos, receberam capacitação e recursos para desempenhar com mais eficiência o papel de cuidadores voluntários e puderam de forma mais aprimorada, acompanhar, apoiar e prestar socorro, a seus vizinhos (pacientes em cuidados paliativos), minimizando o sofrimento dos mesmos nas dimensões física, psíquica, social e espiritual.
Na continuidade, ao depararem-se com as necessidades de saúde da população local, cientes de que os Cuidados Paliativos pressupõem o princípio da equipe multidisciplinar, outros profissionais de saúde são convidados a participarem do projeto a fim de somarem e contribuírem. São enfermeiros, médicos, assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, educadores físicos, dentistas e capelães, todos voluntários, de diferentes cidades do Brasil, que se juntam para realizarem atendimentos online e presenciais aos pacientes.
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