Parabéns pelo belo trabalho Marcia! De início, gostaria de elogiar o conjunto das imagens disponibilizadas e o efeito disso no trabalho, pois ficou muito interessante.
O seu tema – o estallido social no Chile – é muito interessante e acertado para mostrar determinado funcionamento do discurso de ódio no enunciado coletivo (ainda que inconsciente, como você alerta), as possíveis determinações e como se organiza isso no coletivo, a partir de revoltas e reivindicações coletivas. Os slogans analisados são riquíssimos para a compreensão desse funcionamento discursivo. Eles se constituem de enunciados que são uma espécie de resposta/afirmação ao que é dito pelo poder governamental, deslocando para outro lugar. O ódio aqui está num lugar específico: o ódio de classe.
A pergunta que você coloca é interessantíssima: toda violência verbal deveria ou não ser considerada como discurso de ódio, sobretudo no discurso político, como você aponta? Ao que você remete para que se atentem às condições de produção sócio históricas do dizer, antes de mais nada. E você nos apresenta então uma classificação do discurso de ódio, se bem entendi. E nessa classificação o primeiro ponto é o funcionamento do estereótipo, por exemplo, a partir das representações coletivas. Você poderia falar um pouco mais do discurso do ódio sob essa classificação de estereótipo? Algum exemplo?
Faço coro ainda com a pergunta do Argus sobre um paralelo com as jornadas de junho no Brasil e alguma semelhança dos enunciados: no Brasil: “não é só pelos vinte centavos” / no Chile: “nos es por treinta pesos, es por treinta años”. Parabéns!