SINAIS DA SÍNDROME DE COTARD EM MORADORES DE RUA NA CIDADE DE SÃO PAULO; NA VISÃO DA ENFERMAGEM EM SAÚDE MENTAL
1. INTRODUÇÃO O trabalho da enfermagem na assistência para a população em situação de rua no Brasil se faz presente em conjunto com outras categorias multidisciplinares, e com a assistência social coordenados pelo poder público, embora esse trabalho se mostre tímido diante de tamanha proporção dessa população, que vem aumentando ano a ano devido as crises, financeiras e sociais e consequentemente também afeta a saúde dessas pessoas. A população em situação de rua é caracterizada como grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular. Eles também utilizam os logradouros públicos como espaço de moradia e, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória. (1) As pessoas em situação de rua sofrem com a escassez de alimentos, agua potável, higiene corporal e sobretudo, de escassez ao acesso a assistência mínima de saúde preventiva. A enfermagem é de estrema importância para se executar a assistência de saúde e o cuidado através da implementação da SAE, com atendimento voltado para as relações humanas, afim de promover a assistência mínima nas necessidades básicas humanas (NBH), a essas pessoas, dessa forma o enfermeiro deve se aproximar e estabelecer vínculos com essa clientela de pacientes que precisam de um atendimento especifico para proporcionar a inclusão social e o acesso a saúde para que essas pessoas venham a sobreviver com maior dignidade. Mas ao voltar sua atenção para o pacientes moradores de rua, com sinais e sintomas claros e de grande diversidade, que vão além do alcoolismo e do uso de drogas, o profissional capacitado no conhecimento sobre a Saúde Mental, abre outras hipóteses de diagnósticos, entre elas alguns subtipos de depressão, esquizofrenias, e também a pouco divulgada síndrome de Cotard (SC) ou delírio de negação; que é uma condição rara caracterizada por melancolia ansiosa, delírios de não existência relativos ao próprio corpo e delírios de imortalidade. Essas características foram relatados primeiramente em 1788 sendo a síndrome descrita pela primeira vez por Jules Cotard em 1880. Cotard descreveu a síndrome como um delírio de negação, que podia variar desde a negação de partes do corpo do paciente até a negação de sua própria existência. (4) Geralmente a situação do paciente sugere, que a Síndrome está muito relacionada à melancolia. O melancólico enxerga-se como um ser esvaziado: o seu eu-ideal está em um nível de vácuo, de destituição, empobrecido, que em nada se aproxima do seu ideal-de-eu exigente. A situação atual do melancólico deixa a desejar ao seu superego repreensor, gerando um sentimento de inferioridade, de não alcançar aquilo que gostaria de ser. Podemos pensar a Síndrome de Cotard como uma manifestação extrema dessa melancolia, que gera o chamado Delírio de Negação, no qual a pessoa nega tudo ao seu redor. Incapaz de ver a si mesmo, o paciente co SC C não se identifica com a imagem, e o encontro se dá diretamente com o objeto, que pode ser o nada. Assim sendo, este adere à representação de um nada, e passa a se compreender como o mais inferior dos seres, a ponto de negar, sua higiene, o cuidado com si mesmo e a sua própria existência. (4) Em consequência desse estado mental, o paciente torna se um ser parado, e tende a permanecer dessa forma, chegando a extremos de não procurar alimentar-se ou ir ao banheiro, em um estado extremo de paralisação. As impossibilidades que circunscrevem esses pacientes com SC, mantendo os como mortos, e estáticos, sendo assim o SC está fadado a permanecer nessa condição para sempre. Por outro lado, enquanto “zumbi”, está sentenciado a permanecer na linha do tempo de sua vida, está condenado ao movimento e ao fluxo vitais, rumo a um sem-fim, sendo este último prognostico o de mais fácil visualização nas ruas e regiões de grandes cidades onde alguns moradores de rua se entregam ao completo abandono, físico e mental. (5) 2 OBJETIVOS. 2.1 Objetivo Geral Comparar sinais e sintomas de pessoas em situação de rua, entregues ao abandono de si mesmo, com sinais e sintomas da Síndrome de Cotard, com graus variados, pois essa síndrome é classificada em três fases distintas. 2.2 Objetivo Especifico Analisar sinais em alguns moradores de rua tais como, abandono total da aparência, cuidado corporal, higiene, e princípios morais, relacionar esses sinais com, alguns sinais que incidem na Síndrome de Cotard. 3 METODOLOGIA Este estudo trata se de um revisão bibliográfica descritiva e reflexiva, com base em artigos científicos que abordam a Síndrome de Cotard, retirados das bases de dados Scielo nos meses de setembro e outubro de 2016 4 RESULTADOS Não desconsiderando qualquer ponto de vista em relação aos moradores em situação de rua, e também não pretendendo absolutizar qualquer proposta, a perspectiva da trabalho, aborda a possibilidade de se compreender que a realidade na vida dessas pessoas, a partir de uma visão holística, que respeite a alteridade, e com isso se possa considerar de forma mais ampla a possibilidade de que várias patologias mentais estejam afetando essas pessoas, que se encontram em uma situação de extremo abandono. O comportamento e sintomas visíveis em alguns moradores em situação de rua vai ao encontra com sinais da SC, onde este encontro é assimilado, quando o paciente questionado e analisado clinicamente, para ele todo seu quadro de saúde fica negado, até aquilo que não é visível para algumas maneiras de pensar, como a Alma humana. Sendo assim o corpo frágil e melancólico do paciente Cotard que é descrito literariamente sem pretensão clínica, senão o incansável testemunho da fragilidade do homem, lembram com precisão, por exemplo, as descrições :sobre as doenças mentais, consideradas sob as perspectivas sociais, físicas, culturais, e higiênicas todas com reflexo na saúde mental. Em concordância com essas características, o paciente com Síndrome de Cotard, onde MALUCELLI (7) afirma que “Um corpo que não aguenta mais, descrevendo o estado de quem, tudo o coage por dentro e por fora, um corpo afetado pelas forças do mundo, e da sua própria natureza mental, onde a sua dor vai ao encontro com a exterioridade, que coincide com o melancolia de Cotard”. Por meio da mesma abordagem, na visão biofísica, que um corpo não cessa de ser submetido aos encontros com a luz, com o oxigênio, alimentos, sono, ideias, ações e palavras, ou seja, esse paciente se vê como um mero corpo. 5 CONCLUSÃO Em vista das muitas coincidências entre as características físicas e psíquicas de alguns indivíduos em situações de rua, com os sintomas característicos da síndrome de Cotard, se abre inúmeras hipóteses diagnosticas para o tratamento desses prováveis pacientes que vivem em situação de rua, que são muitas das vezes marginalizados e diagnosticados de forma errada, ficando a alternativa da intervenção do poder público de investir em políticas de abordagem utilizando se das atribuições dos profissionais em saúde mental, com todas as possibilidades de tratamentos terapêuticos, e farmacológico para recuperar a saúde, dignidade humana e a cidadania dessas pessoas 6 REFERÊNCIAS (1) BEZERRA, Iago Henrique Pinheiro; Filho, Irivan Macêdo; Costa, José Leitão Melo da: POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA: UM OLHAR DA ENFERMAGEM SOBRE O PROCESSO SAÚDE/DOENÇA: Revista de. Enfermagem edição 1 Jan/Abr. Porto Alegre, 2015 (2) TEIXEIRA, Gracimary Alves; Carvalho, Jovanka Bittencourt Leite; Silva, Ana Luzia Medeiros Araújo da; Santos, Suênia Bezerra: SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A PESSOA EM SITUAÇÃO DE RUA Revista de enfermagem da UFPE , Recife, mar, 2015 (4) MACHADO, Liliane; Machado Leonardo: SÍNDROME DE COTARD: A DOENÇA DA IMORTALIDADE; Revista Debates em Psiquiatria - Set/Out 2015 Recife- PE P. 34, 35 (5) MALUCELLI Dayse Stoklos: LABIRINTO DO NÃO. CONSIDERAÇÕES SOBRE A SÍNDROME DE COTARD (7) MALUCELLI Dayse Stoklos: SÍNDROME DE COTARD: UMA INVESTIGAÇÃO PSICANALÍTICA; Pontifícia Universidade Católica – PUC- São Paulo 2007;p.64 NOTA- este resumo teve o texto e referências reduzidos, pela Comissão Científica para fins de publicação nos Anais, pois não atendiam as normas de envio.