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INTERFACES DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO ACOLHIMENTO E CUIDADO DE PESSOAS COM AIDS: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

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A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) não afeta somente os aspectos físicos, mas também os aspectos emocionais e sociais. Diferentes dimensões da vida cotidiana podem ser alteradas, causando sofrimento psíquico e deixando marcas profundas na vida dos sujeitos, já que muitas vezes, o estigma ainda está atrelado à doença1,2. Estudos vêm discutindo as vulnerabilidades e os fatores de riscos associados às pessoas com transtornos mentais graves e a AIDS, bem como a interface existente entre essas problemáticas3. Apesar dos avanços decorrentes nas políticas de saúde, tanto no campo da atenção psicossocial e saúde mental quanto na área médica, na humanização das práticas de saúde e nas diretrizes nacionais de DST/AIDS, os desafios de um cuidado integral estão presentes em diferentes contextos e níveis de atenção à saúde. Este trabalho tem por objetivo descrever a experiência de acolhimento e o cuidado oferecido a pessoas com HIV no interior de uma Instituição de Longa Permanência. Metodologia Trata-se de um relato de experiência dos atendimentos realizados por terapeuta ocupacional, profissional que integra a equipe de técnica de serviço que conta com aproximadamente 23 pessoas com graves sequelas neurológicas decorrentes do HIV. O serviço é filantrópico, abriga adultos de ambos os sexos, que vivenciaram rupturas dos vínculos familiares. Além disso, muitos dos pacientes são dependentes de cuidados básicos, levando uma vida formalmente administrada e com pouca autonomia. Resultados O acolhimento, efetivado a partir de uma escuta individualizada e detalhada, permitiu identificar suas demandas cotidianas e singulares4. Gradualmente, as relações estabelecidas entre o terapeuta e os diferentes sujeitos possibilitou o desenvolvimento de intervenções que estimularam a senso-percepção, a cognição, os afetos, o contato com o próprio corpo, o resgate de desejos e prazeres. Intervenções mediadas por ocupações, fazeres e modos de fazer aparentemente simples como: preparar um bolo, jogar baralho, desenhar, dançar, entre outras atividades, figuraram como ferramentas potentes, pois implicaram no conhecimento detalhado dos diferentes componentes do desempenho ocupacional, de funcionalidade, dos processos de subjetividade, das barreiras e dos facilitadores envolvidos na ação e no contexto do sujeito, favorecendo assim, a apropriação, a autonomia e a ressignificação das experiências existenciais e, que neste caso, potencializaram transformações que variaram de acordo com limites de cada um. Conclusão A experiência descrita evidenciou a relevância do acolhimento e do cuidado oferecido, bem como o impacto positivo no que se refere ao ganho autonomia e a participação dos sujeitos envolvidos e na melhoria da qualidade de vida.