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ESTIGMA NA SAÚDE MENTAL: FRONTEIRAS ENTRE O ESTIGMA SOCIAL E O ESTIGMA INTERNALIZADO

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"Introdução: As pessoas com transtorno mental severo e persistente, ou com transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas, historicamente carregam consigo os estigmas que acarretam em diversos tipos de dificuldades. O estigma internalizado1 ocorre quando o indivíduo tem consciência do estigma a ele atribuído, concordando e aplicando a si próprio os estereótipos negativos sobre sua doença, levando a várias consequências como a diminuição da autoestima e autoeficácia, além dos sentimentos de culpa, angústia, raiva e autorreprovação. Desse modo, o estigma internalizado agrava os sintomas do transtorno mental, levando à busca pelo isolamento na tentativa de evitar a rejeição e ao não investimento em capacidades compensatórias ao transtorno2. Objetivo: analisar e discutir os processos de estigmatização e de estigma internalizado vivenciado pelas pessoas com algum tipo de transtorno mental, além de também compreender e discutir os aspectos que contribuem para a diminuição do estigma internalizado para esse público no contexto da atenção psicossocial. Metodologia: trata-se de pesquisa exploratória de natureza qualitativa. O referencial teórico norteador desse projeto foram as produções em torno do paradigma psicossocial e os conceitos da Reabilitação Psicossocial, proposto por Saraceno e autores que abordam o estigma e o estigma. Os participantes do projeto foram pessoas que apresentam transtorno mental e participam de eventos que são realizados nos espaços públicos. Foram realizadas 5 entrevistas. Após a análise dos textos observamos a emergência de três categorias temáticas: vivência e compreensão do transtorno mental; estigmas; e estratégias para o enfrentamento. Resultados: Com a revisão bibliográfica realizada inicialmente observamos que estudos sobre estigma social são mais numerosos do que sobre o estigma internalizado. A compreensão que os entrevistados relataram sobre o transtorno mental varia entre a concepção da sociedade, da família e a concepção que têm de si mesmo. O estigma internalizado é uma consequência direta do estigma social, e isso foi possível observar nos discursos. Referente a meios, estratégias, ações e intervenções que contribuem para sentirem-se melhor de alguma forma, foram citadas a equipe do serviço de saúde mental, o contato com as pessoas, os medicamentos, a religiosidade e a realização de atividades que gostam. Conclusões: Discutir e investir em estratégias para reduzir o estigma em saúde mental é necessário para consequentemente diminuir os seus impactos, na vida dos indivíduos e promover processos de inclusão social. As famílias também devem ser foco de intervenção e suporte, pois foi identificado no estudo que a família pouco tem contribuído para viver de maneira mais satisfatória com o transtorno, reforçando o estigma internalizando e trazendo sérias consequências para o sujeito. Referências: 1. Soares RG, Nery FC, Silveira PS, Noto AR, Ronzani TM. A mensuração do estigma internalizado: revisão sistemática da literatura. Psicologia em Estudo 2011;16(4):635-645. 2. Corrigan P, Gelb B. Three Programs That Use Mass Approaches to Challenge the Stigma of Mental Illness. Psychiatric Services 2006;57(3):393-398."