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SINTOMAS DE DEPRESSÃO ENTRE TRAVESTIS E MULHERES TRANSEXUAIS NUMA CAPITAL DO NORDESTE DO BRASIL

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Objetivo: Estimar a prevalência de sintomas depressivos (SD) e fatores associados, entre travestis e mulheres transexuais (TrMT). Metodologia: Inquérito epidemiológico de corte transversal realizado na cidade de Salvador-Bahia(2015/2016). As 127 participantes foram recrutadas via amostragem dirigida pelo participante (RDS). As estimativas foram ponderadas pelos pesos RDS, calculados a partir do inverso do tamanho da rede de contato social. O PHQ-9 classificou os SD. E o teste 2 quadrado (nível de significância=0,05) foi utilizado para testar a associação entre SD e os fatores de interesse. Resultados: A prevalência de SD foi de 31%(IC95%:23%-39%). As principais características das participantes foram idade acima de 25 anos (52%), 72% autodeclararam serem negras ou pardas, 54% com renda acima de R$ 900. Relataram agressão física (63%), verbal (91%), pela polícia (54%) e maus tratos no serviço de saúde (SerSa) (90%). Os fatores associados à SD foram: sexo anal desprotegido (SAD) receptivo com clientes (p=0,03), SAD insertivo com parceiros casuais (p=0,022), profissional de saúde não entende as necessidades de saúde (p=0,016), ser maltrata e não ser chamada pelo nome no SerSa (p=0,027 e p=0,042, respectivamente), história de DST na vida (p=0,049) e forçada a fazer sexo (p=0,005). Conclusão: A prevalência de SD foi alta, comparada à população geral brasileira. A violência e dificuldades vividas pelas TrTM nos SerSa e sua associação com SD demonstram o impacto destes fatores na saúde mental das participantes. São urgentes as políticas públicas intersetoriais voltadas para as TrTM. O SAD permanece também como um importante desafio para a prevenção do HIV/DST.