Anais do 11 º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

Objetivos: Descrever as características sociodemográficas das famílias quilombolas pertencentes à religiões de matriz africana registradas no Cadastro Único para Programas Sociais de 2018 a 2019. Métodos: O estudo transversal descritivo utilizou a base de dados de famílias e pessoas do CadÚnico no período de 2018 a 2019 para análise das condições de moradia, infraestrutura e características sociodemográficas. Resultados: Foram 1.742 pessoas pertencentes a comunidades quilombolas e de terreiro simultaneamente, sendo 50,9% de mulheres, 43% com a faixa etária de 0 a 12 anos, pardos e pretos em maior proporção (96%) e residentes na sua maioria na região Nordeste (69,4%). A zona rural abriga 75% desses indivíduos, sendo a principal atividade laboral para 16% dos registrados o trabalho em área rural, com atividades oriundas da agricultura, criação de animais ou extrativista. As condições de moradia são precárias em muitas comunidades com predominância de poço ou nascente como forma de abastecimento de água, fossa rudimentar e o lixo sendo queimado ou enterrado como forma de descarte. Essas condições inadequadas ainda são inferiores quando comparadas à população geral do CadÚnico. Conclusões: O acesso dessas populações à serviços públicos de saúde e saneamento e as condições precárias de moradia fortalecem o lugar de invisibilidade, preconceito e exposição às doenças e agravos. As más condições de moradia nas comunidades tradicionais afro-brasileiras analisadas refletem a fragilidade econômica e a pouca mobilidade social.