Anais do 11 º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

Objetivo: Avaliar a associação entre fatores contextuais e viés de gênero na mortalidade de crianças em países de baixa/média renda. Métodos: Oitenta inquéritos de demografia e saúde (Demographic and Health Surveys e Multiple Indicator Cluster Surveys, 2010–2018) foram usados para estimar as taxas de mortalidade de menores de cinco anos por sexo. Razões de sexo preditas e seus resíduos (diferença entre observado e esperado) foram estimados por regressão linear ajustada para mortalidade total. Resíduos negativos foram considerados indicativos de mortalidade de meninas acima do esperado em relação à mortalidade de meninos, representando uma medida de viés de gênero. Associações entre resíduos e indicadores nacionais de demografia, desenvolvimento, desigualdade de gênero e cuidado de saúde foram testados usando correlação de Spearman. Resultados: As razões de sexo estiveram inversamente associadas com a mortalidade total. Os resíduos não apresentaram associação com renda nacional, religião ou desigualdade de gênero, porém, resíduos negativos foram mais comuns em países onde cuidados adequados eram mais frequentes para meninos do que meninas (rho -0,24, IC95% -0,45; -0,01). Embora não significativa, a correlação positiva entre resíduos e escolaridade feminina relativa (rho 0,17) e idade média das mulheres no primeiro casamento (rho 0,26) estiveram na direção esperada. Conclusões: Diferenciais no cuidado de crianças, escolaridade feminina e idade no casamento podem impactar a sobrevivência de meninos e meninas de forma díspar. Análises de associação entre razões de sexo e fatores contextuais, especialmente níveis de desenvolvimento e igualdade de gênero, não discriminaram países com ou sem excesso de mortalidade de meninas.