Anais do 11 º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

Objetivos: Mapear os municípios com maiores concentrações de quilombolas da Bahia em 2020 e descrever seus principais indicadores socioeconômicos. Métodos: Estudo ecológico espacial com municípios que possuem o registro de pelo menos duas localidades quilombolas, segundo base territorial censitária da população quilombola e outros registros administrativos. Houve a identificação dos indivíduos e famílias quilombolas e a análise dos principais indicadores socioeconômicos. Os dados foram provenientes do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística, Cadastro Único para Programas Sociais e Atlas de Desenvolvimento Humano. As análises foram realizadas nos softwares Microsoft Excel e TabWin. Resultados: A Bahia é o estado do Nordeste que possui os maiores números absolutos e relativos de municípios com registro de localidades quilombolas (173/33%) especialmente nas regiões Norte, Centro-norte e Leste do Estado. Foram identificados 126.017 indivíduos que se autodeclaram quilombolas onde aproximadamente 80% das famílias (35.197) residem na zona rural. Observou-se que no geral estes municípios apresentaram piores médias do IDHM (0,6), Índice de Gini (0,54) e renda per capita dos vulneráveis à pobreza (R$ 119,83), maiores médias nos percentuais de pobres (39,66%), nas taxas médias de analfabetismo da população com 25 anos ou mais (28,08%). Conclusões: Na comparação dos indicadores observa-se que a média destes municípios refletem as desigualdades já existentes entre a Bahia e o Brasil, porém de forma ainda mais acentuada. Apesar da expressividade das localidades remanescentes de quilombo no território brasileiro, ressalta-se o contexto de vulnerabilidade socioeconômica ao qual os quilombolas estão inseridos, onde a proteção social e a preservação cultural são desafios perenes.