Anais do 11 º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

Objetivo: Investigar as tendências na variação da proporção de domicílios brasileiros que relatam insegurança alimentar (IA), segundo o sexo da pessoa de referência do domicílio no período de 2004 a 2018. Métodos: Trata-se de estudo transversal no qual foram utilizados os microdados das Pesquisas Nacionais de Amostras por Domicílios 2004, 2009 e 2013 e da mais recente Pesquisa de Orçamentos Familiares (2018). IA foi avaliada por meio da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, sendo comparadas as proporções dos níveis IA (segurança alimentar, IA leve, moderada e grave), de acordo com o sexo da pessoa referência do domicílio, utilizando o teste qui-quadrado. Resultados: Quanto a segurança alimentar, domicílios chefiados por mulheres apresentaram proporções significativamente menores quando comparados aos domicilios chefiados pelos homens nos inquéritos de 2004 (59,7% x 66,6%), 2013 (74,8% x 78,4%) e 2018 (58,4% x 66,8%) (p <0,001). Por outro lado, em relação à IA grave, esta foi maior entre domicílios chefiados por mulheres apresentaram nos anos de 2004 (8,7% x 5,8%), 2013 (3,8% x 2,9%) e 2018 (5,6% x 3,8%) (p <0,001). Conclusões: A chefia feminina nos domicílios brasileiros repercute na vulnerabilidade à IA grave como um possível reflexo das relações de desigualdades de gênero na nossa sociedade que intensificam as desigualdades sociais. Assim, são necessárias mais ações voltadas para esse grupo social.