Anais do 11 º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

Objetivo: Avaliar a associação entre experiências adversas na infância (EAIs) maternas e violência por parceiro íntimo (VPI) usando três abordagens diferentes. Métodos: Autorrelato de mães da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015 sobre EAIs e VPI durante o último ano, por meio de entrevistas confidenciais. As EAIs foram avaliadas através de três abordagens: um escore de risco cumulativo categorizado como 0, 1, 2, 3, 4, 5 ou mais; nove adversidades individuais; quatro grupos de EAIs usando Análises de Classes Latentes (ACL). Resultados: Um quarto das mães relataram ter 5 ou mais EAIs, este grupo de mães apresentou 4,9 (IC 3,5; 6,7) vezes maior risco de ter experienciado VPI no ano anterior à entrevista, em comparação às mães que apresentaram 0 EAIs. A ACL também mostrou um alto risco no grupo caracterizado por múltiplas EAIs comparado com o grupo de baixas EAIs (4,3 IC 3,5; 5,3). Contudo, experiências individuais relacionadas à violência na infância (ter sofrido abusos ou ter testemunhado violência familiar) mostraram certa especificidade para VPI, inclusive quando ajustadas para o número total de adversidades. Conclusões: Este é o primeiro estudo de base populacional a demonstrar uma forte ligação entre EAIs da mãe e VPI na vida adulta. Tanto a exposição geral cumulativa de EAIs quanto alguns efeitos específicos da violência na infância sugerem um grande risco para a violência contra a mulher em idades posteriores. Iniciativas integradas de prevenção e intervenção são essenciais para reduzir a transmissão intergeracional de adversidades e violência.