DISCRIMINAÇÃO RACIAL E DEPRESSÃO EM ADOLESCENTES: UMA ANÁLISE LONGITUDINAL DE CINCO ONDAS

Vol 2, 2021 - 139897
Comunicação Oral Coordenada - COC 88 - VIOLÊNCIA E SAÚDE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
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Resumo

Objetivos: Examinar a associação entre discriminação racial percebida e sintomas depressivos em adolescentes e jovens adultos. Métodos: Este é um estudo longitudinal prospectivo de população dinâmica iniciado em 2000, com cinco revisitas bienais, e indivíduos de 10 a 21 anos. A amostragem foi aleatória por conglomerados. Todas as famílias residentes nas subáreas foram recrutadas, e entrevistas face-a-face individuais realizadas com questionários. Perguntas sobre experiência de discriminação racial compunham a entrevista, além do PHQ-9 para aferir sintomas depressivos. A análise de medidas repetidas por GEE (Generalized Estimated Equations) estimou o risco relativo bruto e ajustado. Resultados: Foram 979 adolescentes na linha de base, sendo que 19,9%(n=195) relatou percepção de discriminação racial e 31,1%(n=305) apresentou sintomas depressivos. Encontrou-se associação entre percepção de racismo e sintomas depressivos (RR: 1,86; IC95%:1,57-2,20) ajustado para sexo e idade. Ao adicionar nível socioeconômico, trabalho e condições ambientais adversas no ajuste, a associação RR=1,73 (IC95%:1,46-2,06) não foi afetada substancialmente. Conclusões: O combate ao racismo e às diferentes formas de discriminação e violência racial são questões urgentes e centrais para a saúde pública, havendo um patamar a alcançar de ética e respeito a direitos humanos fundamentais pela sociedade brasileira, ainda marcada pela histórica e vergonhosa experiência da escravidão. Toda política pública, inclusive as de saúde, em especial, deve se posicionar contra a desumanização e a barbárie subjacentes à discriminação racial e suas consequências à saúde mental da população negra.

Eixo Temático
  • Epidemiologia dos acidentes, violências e lesões físicas