Anais do 11 º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

OBJETIVO: Investigar a associação entre raça/cor da pele e a autoavaliação de saúde e estimar em que medida a mobilidade social intergeracional explica as desigualdades raciais na autoavaliação de saúde. MÉTODOS: Participaram do estudo 14.386 adultos da linha de base (2008-2010) do ELSA-Brasil. Escolaridade materna, escolaridade do participante, classe sócio-ocupacional do chefe de família quando o participante começou a trabalhar e classe sócio-ocupacional do participante foram utilizadas para construção dos indicadores de mobilidade social intergeracional (educacional e sócio-ocupacional). A raça/cor da pele foi autorreferida pelos participantes, assim como a autoavaliação em saúde, que foi categorizada em “Boa” e “Ruim”. Modelos de regressão logística foram utilizados. RESULTADOS: A prevalência de autoavaliação de saúde ruim foi de 15%, 24% e 28% entre brancos, pardos e pretos, respectivamente. Tanto na perspectiva educacional quanto na ocupacional, a proporção com imobilidade no topo da hierarquia social foi mais frequente entre os brancos do que entre os pardos e pretos, enquanto a imobilidade na base da hierarquia foi mais frequente entre pretos e pardos do que entre brancos. Após ajustes, indivíduos pretos e pardos apresentaram maiores chances de avaliarem sua saúde como ruim do que brancos. A mobilidade educacional e sócio-ocupacional intergeracional explicaram, respectivamente, 66% e 53% da associação entre a raça/cor e autoavaliação de saúde ruim em pretos, e 61% e 51% em pardos, respectivamente. CONCLUSÕES: Os resultados do presente estudo confirmam a desigualdade racial na autoavaliação de saúde e apontam que a mobilidade social intergeracional desfavorável é um importante mecanismo para explicar essa desigualdade.