RACISMO, RELAÇÕES DE SABER-PODER E SOFRIMENTO PSÍQUICO
O racismo tem atravessado a produção de subjetividade no Brasil de forma persistente. O objetivo geral deste trabalho é discutir os efeitos do racismo na saúde mental da população negra entre usuários/as e profissionais de saúde da atenção primária do SUS em Porto Alegre e Pelotas/RS, e, sua articulação com a interseccionalidade de gênero. O referencial teórico-metodológico desta pesquisa embasa-se na analítica do poder de Michel Foucault, nos estudos feministas de gênero pós-estruturalistas e dos feminismos negros, nas teorias das relações raciais da psicologia social crítica. Trata-se de uma pesquisa-intervenção quanti-qualitativa que pretende contribuir para a construção de indicadores epidemiológicos e analíticos que fortaleçam as práticas de cuidado em saúde mental para a população negra. Com apoio do CNPq 2015-2016, encontra-se em fase de encaminhamento ao Comitê de Ética pela Plataforma Brasil. Esta pesquisa é uma parceria entre a Psicologia e a Saúde Coletiva da UFRGS, a Psicologia da UFPEL, a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre e a ONG Maria Mulher. A coleta de informações quantitativas se dará através da aplicação de dois instrumentos de avaliação da saúde mental: o SRQ-20, instrumento de rastreamento psiquiátrico para transtornos mentais na sua versão brasileira e um questionário sobre condições de saúde e percepção sobre experiências de racismo. Na perspectiva qualitativa, propõem-se a realização de grupos focais com usuárias/os e profissionais das Unidades Básicas de Saúde, nas cidades de Porto Alegre e de Pelotas/RS. Salienta-se que a aplicação de instrumentos de avaliação da saúde mental e percepção do racismo serão articuladas com a produção de espaços coletivos a serem oferecidos às/aos participantes da pesquisa. Estima-se que a realização desta pesquisa, tanto na capital gaúcha como em uma universidade federal no interior do Estado do Rio Grande do Sul potencializará a inclusão da temática das relações raciais na formação em psicologia.