34466

A POLÍTICA DE COTAS E O ACESSO DE MULHERES NEGRAS ÀS CARREIRAS CIENTÍFICAS

Favoritar este trabalho

O presente trabalho pretende traçar um panorama do caminho percorrido pelas mulheres negras ao ingressarem na carreira acadêmica. Historicamente, as mulheres sempre foram relegadas a uma posição de inferioridade em relação aos homens, sendo esta posição defendida e referendada pela ciência tradicional. Segundo Simone de Beauvoir (2002), a biologia insistiu em demonstrar que a mulher é menor, mais fraca e mais instável que o homem. Esses dados físicos são de extrema importância, pois desempenham, na história da mulher, um elemento essencial de sua situação. Isso mostra que a mulher sempre foi vista como um sexo frágil e dependente do seu companheiro, independente de sua cor. Mas a situação da mulher negra é ainda pior. Ela é marcada por um contexto de dupla discriminação: ser mulher em uma sociedade machista e negra em uma sociedade racista (MUNANGA, 2006). Essa discriminação racial na vida das mulheres negras é uma constante e não pode ser tratada como elemento secundário, destacando-se apenas a problemática econômica e social, sendo necessário entender a relação entre as categorias mulher e negro no pensamento acadêmico brasileiro hegemônico. Para analisar essa problemática, o conceito de gênero será fundamental e incorporado a partir dos debates ocorridos no campo de investigação “gênero e ciências”. Além disso, será utilizada a categoria interseccionalidade, em particular as interseções entre gênero e raça/etnia e, finalmente, uma síntese da trajetória das Políticas de Ações Afirmativas no país e, mais especificamente as Políticas de Cotas nas universidades públicas. O objetivo da pesquisa é investigar a trajetória pregressa e posterior das acadêmicas negras que acessaram o ensino superior nos cursos de Medicina, Engenharia Civil, Enfermagem e Serviço Social, na UFSC e na UFBA, através do sistema de cotas nos anos de 2015 e 2016. Para além do acesso, será investigada também a questão da permanência, levando em consideração suas percepções sobre preconceito e discriminação. Neste momento, a pesquisa está na fase de revisão de literatura, consulta nos sites das universidades e levantamentos preliminares sobre o universo a ser pesquisado.