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As abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apidae, Meliponini) formam o grupo mais diverso entre as abelhas sociais nos trópicos, sendo importantes polinizadoras de várias espécies de plantas nativas e cultivadas. Espécies de ASF constroem ninhos no solo, forquilhas e cavidades pré-existentes em árvores e construções humanas. Apesar do conhecimento de que o avanço da urbanização pode afetar a distribuição das ASF ao retirar a vegetação nativa e pavimentar grandes áreas, pouco se sabe sobre o comportamento dessas abelhas no ambiente urbano e como se moldam às novas configurações da paisagem. O objetivo deste trabalho foi verificar como as ASF respondem ao ambiente urbano analisando a distribuição, diversidade de espécies, abundância e biologia de nidificação. Para isso entre novembro de 2020 e março de 2021 percorremos 14 unidades amostrais (uma área verde mais quatro transectos de 300m) em Campos dos Goytacazes/RJ. Todas as árvores com DAP igual ou maior que 30cm foram vistoriadas, identificadas e georreferenciadas. Muros e paredes também foram vistoriados. Os ninhos foram marcados com lacre numerado, tiveram a altura e direção da abertura registrada e abelhas foram coletadas para identificação. Em 15,53ha foram vistoriadas 923 árvores e localizados 96 ninhos de 5 espécies: Nannotrigona testaceicornis (55), Plebeia droryana (29), Plebeia remota (1), Tetragonisca angustula (4) e Trigona spinipes (7). A densidade de ninhos foi 6,18 ninhos/ha, a diversidade H’=1,052 e a equabilidade J=0,653. Todas as áreas apresentaram dominância (d) acima de 70%. A abundância de árvores explicou 31% da densidade dos ninhos, que variou entre 0 e 36 ninhos/ha (R²=0,31009; p=0,038599). Os substratos mais utilizados foram cavidades em árvores (73%) e construções (16%). Os ninhos de P. droryana foram encontrados em 11 espécies de árvores, sendo a maior frequência em Ficus retusa (27%) e Syzygium cumini (17%); ninhos de N. testaceicornis ocorreram em 6 espécies de árvores, 37% deles em Caesalpinia pluviosa e 24% em construções (espécie com maior porcentagem nestes locais). A altura média da entrada dos ninhos variou entre 1,67m (P. droryana) e 2,15m (N. testaceicornis). Comparados com outros estudos no Brasil, estes resultados mostram que Campos dos Goytacazes apresenta uma baixa riqueza de ASF e alta abundância de ninhos na área urbana. A distribuição agrupada dos ninhos com alta densidade sugere dificuldade de dispersão na matriz urbana. O hábito de nidificar em construções indica maior plasticidade de N. testaceicornis. Concluímos que é possível conservar ASF na área urbana desde que políticas públicas de plantio de árvores e conservação de áreas verdes sejam implementadas.
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