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Osteossarcoma: Relato de caso na atenção primária à saúde

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Neste trabalho, buscou-se conhecer as características clínicas e epidemiológicas de um paciente portador de osteosarcoma (OS) atendido na Unidade Básica de Saúde (UBS) no Município de Sinop e compreender a importância da Atenção Primária no prognóstico dos portadores de OS. Realizou-se então um estudo documental através do prontuário e dos exames complementares do paciente. Buscou-se artigos em bases de dados como Scielo e Lilacs, com critérios de exclusão sendo: sarcomas não ósseos, osteossarcoma em animais, osteossarcoma extraesquelético, osteoma, sarcoma de Ewing e osteocondroma. Apesar de ser o tumor ósseo maligno primário mais comum, o OS é uma doença rara (2-3 casos/1.000.000 de pessoas), sendo definido pela presença de células malignas mesenquimais que produzem osteóide ou osso imaturo, e acometendo mais o esqueleto apendicular, principalmente fêmur e tíbia, com a dor figurando como o sintoma mais comum, seguida do aumento do volume local e trauma prévio. O diagnóstico do OS ocorre mediante a história clínica e exames complementares como cintilografia óssea, exames de imagem, além das biópsias de amostra dos tecidos lesionados. Quanto mais cedo se descobrir e tratar o OS, e quanto menor for a sua extensão, melhor o prognóstico. Identificou-se que os portadores de OS dificilmente recebem um diagnóstico precoce, o que os impede de começar o tratamento rapidamente e de se beneficiarem com o mesmo, pois quando este câncer não é diagnosticado precocemente, há a necessidade de um tratamento mais agressivo e pior prognóstico. No Brasil, estima-se incidência de 350 casos/ano até 20 anos, que é maior na população negra e no sexo masculino. O paciente atendido pela UBS, é do sexo masculino, tem 28 anos de idade, refere diagnóstico de OS em joelho direito há 10 anos, corroborando os dados epidemiológicos da literatura, e buscou atendimento na unidade devido à dor no joelho e consequente prejuízo funcional e de locomoção. Dos exames apresentados quando das primeiras consultas, foram observados: cintilografia realizada em 2011 indicando ausência de alteração osteogênica em outras estruturas; biópsia óssea realizada em 2012 indicando atipia celular moderada em tecido condroide, com conclusão para neoplasia condroide de baixo grau; e radiografia de joelho direito realizada em 2013 indicando área lítica e blástica de 8x10x8,5 cm, com conclusão de neoplasia e diminuição da articulação femorotibial medial. Pela UBS foi solicitada nova radiografia para verificar a extensão da neoplasia e o paciente foi encaminhado para tratamento cirúrgico. Neste sentido, os avanços em Medicina permitiram migrar de um tratamento por amputação para o de salvaguarda do membro em cerca de 80% dos pacientes, os quais apresentam taxa de sobrevida alta em acompanhamento de 5 anos para pacientes com extremidade comprometida localizada, que é o caso em questão. Ainda, estudos apontam que com fisioterapia e prática de atividades físicas, o paciente atinge a estabilidade funcional em 2 anos, podendo retornar à vida normal. Desta forma, o contato com o paciente permitiu perceber a importância do olhar do médico da atenção primária para o diagnóstico precoce do OS, proporcionando melhor qualidade de vida e sobrevida ao paciente.