Trabalho de Campo: experiência curricular de inserção na Atenção Primária à Saúde

Introdução: A disciplina Trabalho de Campo Supervisionado II é desenvolvida nos 3º e 4º períodos do curso de Medicina da UFF e propõe o desenvolvimento de competências em três grandes eixos: território, processo de trabalho e cuidado integral à saúde na APS. Discussão: relato de experiência de estudantes de medicina, no contexto da disciplina de TCSII, em unidade do Programa Médico de Família de Niterói-RJ, durante o ano de 2014. Os alunos acompanharam a rotina da unidade, focados nos três eixos que caracterizam a disciplina. Por meio da experiência do campo, de relatos escritos das vivências e de reflexões cotidianas, emergiram categorias de análise utilizadas para descrever e analisar as contribuições da inserção sistemática na APS como um dispositivo de mudança na formação em saúde. Cinco categorias foram eleitas como eixos condutores para apresentar as principais contribuições para a transformação da formação em saúde: Ressignificação do conceito de complexidade em saúde – desconstrução do imaginário que remete a APS a um nível de baixa complexidade; Longitudinalidade: vínculo médico-usuário – o conhecimento ampliado sobre o usuário permite o vínculo e a realização de diagnóstico e tratamento mais assertivos; Visita domiciliar: inserção no território – reconhecimento da importância da visita domiciliar para o desenvolvimento da Vigilância em Saúde; Quem é o médico da APS? - percepção das implicações da atuação na APS de profissionais sem residência em MF&C; Desconstrução da ideia de linearidade da rede - aproximação aos conceitos de regionalização e hierarquização do SUS. Conclusão: A APS como cenário de aprendizagem é tem potencial para oferecer uma nova perspectiva de formação. Observamos que o currículo do curso reproduz o ideário de desvalorização da APS, circunscrevendo-a a um período no qual ainda não foram cursadas disciplinas clínicas, reforçando o imaginário de que a APS é lugar apenas de prevenção e promoção.