ANAIS DO 15º CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA DA FAMÍLIA E COMUNIDADE

Introdução: Sarcoidose é uma doença granulomatosa não infecciosa, de etiologia desconhecida, podendo acometer somente a pele ou ser multissistêmica. A apresentação clínica na pele é variada, sendo que o subtipo _x0093_em cicatrizes_x0094_ é relativamente incomum. Relato de caso: Masculino, 31 anos, refere que após 18 anos de acidente automobilístico surgiram áreas de infiltração e eritema sobre cicatriz na região frontal. Na época do acidente foi realizada sutura simples com pontos não absorvíveis. Palpação de gânglios não revelou adenopatias, ausculta pulmonar e palpação abdominal foram normais. Sem alterações oftalmológicas. RX de tórax e das mãos, hemograma, plaquetas, proteinograma, função hepática, renal, VSG e calcemia normais, marcadores hepatite virais e anti-HIV não reagentes. O exame histológico demonstrou granulomas não caseosos, não confluentes, com infiltrado linfocitário discreto, sem halo linfocitário, compatíveis com sarcoidose. Pesquisa de fungos e micobactérias foram negativas. O exame com luz polarizada não mostrou alterações para presença de corpo estranho. O seguimento de quatro anos não revelou recidiva. Conclusão: A sarcoidose em cicatrizes pode ocorrer isoladamente, preceder, ser concomitante ou ainda surgir posteriormente à sarcoidose sistêmica. As lesões cutâneas ocorrem sobre cicatrizes prévias e predominantemente na face e nos membros. Aproximadamente um terço dos casos evoluem para doença sistêmica ou órgãos extra cutâneos. O tipo de injúria causadora da cicatriz envolvida é variável, podendo ser injeções de BCG, pós herpes zoster, cicatrizes cirúrgicas e ainda acidentes. O diagnóstico se realiza pelos achados clínicos e histopatológicos. Podem ser observados corpos de inclusão dentro dos gigantócitos ou corpúsculos asteróides. Um dos principais diagnósticos diferenciais é a reação de corpo estranho, sendo importante a luz polarizada no anatomopatológico. Quanto à evolução, a maioria dos casos tem resolução espontânea e lenta. Os tratamentos podem ser corticóides intralesionais, oclusivos, tópicos de alta potência e orais.