ANAIS DO 15º CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA DA FAMÍLIA E COMUNIDADE

Introdução: A hanseníase é uma patologia crônica de origem infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae. O conhecimento e o manejo correto dessa doença é de extrema importância para prática médica, devido a elevada taxa de incidência no Brasil, segundo país com maior detecção de casos de Hanseníase no mundo. As formas clínicas podem ser virchoviana, tuberculoide, indeterminada e dimorfa. Na forma virchoviana, a resposta imune celular está comprometida e as lesões cutâneas são mais difusas com o crescimento intenso do bacilo nos macrófagos. Ademais, possui como principal reação a do tipo 2, caracterizada por aparecimento súbito de nódulos, pápulas e placas eritematosas, dolorosas, em todo o tegumento. Relato: Paciente masculino, 80 anos, residente no município de Cuiabá, institucionalizado desde 2008, sem vínculo familiar. Foi diagnosticado em novembro de 2018, com Hanseníase virchoviana, em reação do tipo 2, apresentando baciloscopia positiva, com Índice Bacilar 5+/6+. Paciente apresentava face leonina, madarose, espessamento de nervos ulnares e fibulares superficiais; além dos eritemas nodosos devido a reação. Após diagnóstico, iniciou o tratamento com poliquimioterapia, proposto por 24 meses, entretanto, o esquema terapêutico desde o início se deu pela substituição da dapsona 100mg por ofloxacina, dose diária de 400mg autoadministrada. Como conduta terapêutica para a reação hansênica, foi prescrito talidomida 200mg/dia por 30 dias e após isso, a manutenção de 100mg/dia, sendo reavaliado após o fim do tratamento para o surto reacional, obtendo importante melhora. Conclusão: Considerando-se a alta incidência no Brasil, é importante ressaltar que os profissionais, principalmente da atenção primária por possuírem contato mais próximo da população, devem estar atentos ao quadro clínico sugestivo da doença e a história epidemiológica dos pacientes, além de uma abordagem terapêutica específica diante das reações que esse paciente possa apresentar.