Anais do VI Congresso Brasileiro de Carvão Mineral

A leguminosa herbácea Vicia sativa (ervilhaca) tem sido empregada nos programas de recuperação na região carbonífera catarinense em virtude de sua capacidade de desenvolvimento em solos ácidos e de baixa fertilidade. Devido aos potenciais benefícios das bactérias fixadoras de nitrogênio em ambientes degradados, rizóbios autóctones destas áreas foram isolados e caracterizados pelo grupo de pesquisa do Laboratório de Microrganismos e Processos Biotecnológicos (LAMPB) da Universidade Federal de Santa Catarina. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficiência simbiótica de Rhizobium sp (UFSC-M8) em solos não autoclavados e caracterizar a comunidade de bactérias endofíticas de ervilhaca após a inoculação com esse isolado. Para tanto foi conduzido um experimento em vasos com solo não esterelizado proveniente de área de mineração de carvão, em casa de vegetação. O delineamento foi inteiramente casualizado com sete repetições. Foram avaliados quatro tratamentos: dois tratamentos de inoculação: UFSC-M8 e SEMIA 384 (estirpe recomendada), e dois tratamentos controles (com e sem aplicação de nitrogênio). Após 60 dias de crescimento das plantas, realizou-se a coleta de amostras de folhas e raízes sadias para extração de DNA para posterior amplificação e sequenciamento parcial do 16S rRNA bacteriano na plataforma MiSeq. O restante do material foliar foi utilizado para a determinação da produção de massa seca da parte aérea (MSPA) e acúmulo de nitrogênio (N). A inoculação com o rizóbio autóctone de área de mineração UFSC-M8 favorece o crescimento da ervilhaca, com incremento de 182% na produção de MSPA nos tratamentos inoculados. Os ganhos obtidos em relação ao acúmulo de N demonstraram que a inoculação com UFSC-M8 pode substituir totalmente adubação nitrogenada. A inoculação com o isolado UFSC-M8 promoveu alterações na composição da comunidade de bactérias endofíticas de Vicia sativa (ervilhaca) e diferentes gêneros bacterianos foram identificados, sendo os mais abundantes Proteobacteria, que representou 43,32% do total das sequências obtidas, seguido de Firmicutes (27,24%) e Actinobacteria (19,95%). O resultado deste trabalho sugere que a microbiota de folhas e de raízes são diferentes e que adicionalmente, a inoculação levou a mudanças significativas na composição da microbiota das raízes e folhas quando comparadas à microbiota de plantas sem inoculação. Representantes dos gêneros Burkholderia-Paraburkholderia, Sideroxydans e alguns não classificados são os mais abundantes na composição da sua microbiota.