A bactéria Gram-negativa Xanthomonas citri subsp. citri (Xac) é responsável por causar a doença do cancro cítrico. Tal doença gera lesões necróticas na forma de pequenas erupções na superfície das folhas, frutos e ramos de variadas espécies de Citrus. A escolha do ramnolipídio no combate ao cancro foi baseada nas suas propriedades antifúngicas e sua atividade lítica contra zoósporos de patógenos de plantas. Além disso, possui baixa toxicidade, interessante na substituição da pulverização de formulações cúpricas nos pomares, que é a atual forma de contenção de Xac. Do ponto de vista de toxicidade e acúmulo de cobre no solo e frutos, a utilização de ramnolipídios como antimicrobiano para Xac garantiria a redução desses resíduos. Sendo assim, a linhagem Xac 306 (Xanthomonas citri subsp. citri) foi cultivada a 29 ºC em meio NYG e o ramnolipídio foi obtido a partir do micro-organismo Pseudomonas aeruginosa LBI 2A1, em meio mineral livre de cálcio com tampão fosfato e, posteriormente, purificado. A técnica de REMA avaliou a atividade antimicrobiana do ramnolipídio comparado, também, a uma solução cúprica já comercializada (Difere), realizando-se microdiluições cuja maior concentração testada para o ramnolipídio foi de 2000 μg.mL^-1, enquanto que para o cobre (Difere) foi de 1000 μg.mL^-1. A placa foi incubada a 29 °C overnight e, em seguida, adicionado 15 μl a 0.01% (w/v) de solução de resazurina para cada poço da placa 96 multwell. A resazurina foi aplicada, pois indica se houve morte ou não de células bacterianas, ou seja, se a célula estiver viva a resazurina é metabolizada e reduzida a resofurina, obtendo coloração rosa e emitindo fluorescência. A fluorescência emitida foi captada pelo scanner Synergy H1 microplate reader (Biotek) o qual gerou a porcentagem de inibição de crescimento microbiano para cada tratamento. A partir dessas quantificações foi possível determinar as MIC´s 90 e 50 (Mínima Concentração Inibitória para 90 e 50% de morte bacteriana, respectivamente). Concluiu-se que acima de doses de 1000 μg.mL^-1 o ramnolipídio possui eficácia comparável ao cobre em concentrações pouco mais baixas, evidenciando que há potencial ação antimicrobiana para o ramnolipídio, podendo ser considerado, futuramente, uma nova alternativa para o controle do cancro cítrico, apesar de ainda ser necessário e, estarem sendo feitos, outros testes e ensaios para tal validação.