PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS A SINTOMAS DEPRESSIVOS EM TRABALHADORES DA SAÚDE NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19

Vol 2, 2022 - 162961
Relato de Pesquisa
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Resumo

A pandemia de COVID-19 ocasionou profundas transformações no trabalho em saúde, com o aumento da sobrecarga de trabalho, falta de insumos, novos fluxos e mudanças na organização do trabalho, podendo oferecer um risco aumentado para transtornos mentais, sobretudo a depressão.

Objetivos

Estimar a prevalência de sintomas depressivos e os fatores associados entre trabalhadores da saúde (TS).

Metodologia

Estudo transversal com amostra aleatória de TS da atenção primária e média complexidade de dois municípios do recôncavo da Bahia, realizado entre março de 2021 e março de 2022. Foi aplicado um questionário padronizado para coleta de dados sociodemográficos, ocupacionais e de saúde. Para avaliar sintomas depressivos, empregou–se o PHQ-9, com ponto de corte para definição do desfecho o escore >=9. Na análise univariada, descreveram-se frequências absolutas e relativas. Nas análises bivariadas, foram calculadas razões de prevalências e intervalos de confiança (95%) por meio de Regressão de Poisson. Os dados foram analisados com o pacote estatístico STATA, 15.0.

Resultados

Participaram 1.031 TS (taxa de resposta de 75%). A prevalência global de depressão foi de 23,8% (IC95%: 21,7- 26,4). O sexo feminino foi associado a uma prevalência 62% maior de sintomas depressivos (RP: 1,62; IC95% 1,14-2,29) . Outros fatores demográficos não foram associados ao desfecho. A prevalência sintomas depressivos foi elevada nos agentes de saúde (24,6%), administrativo (21,8%), nível técnico (25,5%), nível superior (25,4%) e serviços de apoio (16,7%), porém o cargo exercido não foi associado a sintomas depressivos. A exposição a situações de violência (RP: 1,69; IC95% 1,34-2,10) e assédio no trabalho (RP: 1,73; IC95% 1,28-2,33) foram fortemente associadas ao desfecho.

Conclusões/Considerações

A alta prevalência de sintomas depressivos em TS de todos os cargos reflete a conjuntura vivenciada pelo setor saúde no Brasil durante a pandemia. Diferenças de gênero remetem à dupla jornada exercida pelas mulheres, que compõem grande parte da força de trabalho em saúde. A associação positiva entre violência no trabalho e sintomas depressivos deflagra problemas da organização laboral que podem ter se agravado no contexto da pandemia.

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