DESIGUALDADE SOCIOECONÔMICA, MOBILIDADE SOCIAL E DISCRIMINAÇÃO RACIAL NA PERDA DENTÁRIA EM ADULTOS DA COORTE DE NASCIMENTOS DE 1982 DE PELOTAS-RS

Vol 2, 2022 - 161016
Relato de Pesquisa
Favoritar este trabalho
Como citar esse trabalho?
Resumo

No Brasil, dados do último levantamento nacional de saúde bucal, apontaram que adultos na faixa dos 35 a 44 anos apresentavam em média 7,48 dentes perdidos. Evidências sugerem que condições socioeconômicas desfavoráveis influenciam negativamente a saúde bucal, como a perda dentária. A partir disso, discute-se a interação entre renda, escolaridade e raça/etnia nos desfechos de saúde bucal.

Objetivos

Analisar a prevalência da perda dentária por lesões cariosas segundo discriminação racial, condições socioeconômicas e mobilidade social da infância a fase adulta em participantes de uma coorte de nascimento ao sul do Brasil.

Metodologia

Estudo longitudinal com dados dos acompanhamentos perinatal, 30 anos e saúde bucal aos 31 anos da Coorte de Nascimentos de 1982 de Pelotas. O desfecho é a perda dentária (Não/Sim) devido a lesões cariosas aos 31 anos, sendo considerado a perda de pelo menos um dente. Os estratificadores utilizados são sexo (Masculino/Feminino), cor da pele (Branca/Preta e Parda), escolaridade (0-4, 5-8, 9-11 e ≥12 anos de estudo), renda familiar (Tercis), discriminação racial (Não/Sim) e mobilidade social (Trajetória de pobreza do nascimento aos 30 anos). Os testes estatísticos realizados foram teste Chi-quadrado e Regressão de Poisson, com Razões de Prevalência (RP) e Intervalo de Confiança de 95% (IC95%).

Resultados

A prevalência de perda dentária foi 30% maior (RP 1,29 [IC95% 1,07-1,57]) entre os indivíduos autodeclarados pretos/pardos em comparação aos brancos. Sendo 40% mais prevalente entre os participantes que declararam sofrer discriminação racial (RP 1,40 [IC95% 1,07-1,84]). A prevalência de perda dentária foi 50% maior em quem sempre esteve na pobreza (RP 1,51 [IC95% 1,17-1,95]), ou possuiu um episódio de pobreza ao longo da vida (RP 1,51 [IC95% 1,20-1,89]) em comparação a quem nunca foi pobre. Houve maior prevalência de perda dentária nos indivíduos pretos/pardos nas categorias de maior escolaridade, tercil mais rico e naqueles que nunca foram pobres em comparação aos brancos (p <0,05).

Conclusões/Considerações

Os achados deste estudo quantificam a prevalência de perda dentária nos diferentes grupos socioeconômicos. Porém, maiores prevalências de perda dentária são encontradas entre os indivíduos autodeclarados com cor da pele preta/parda independente de pertencerem a um nível socioeconômico mais alto, assim a diferença observada pode ter sido determinada por contextos sociais discriminatórios que aumentam a vulnerabilidade de grupos populacionais.

Compartilhe suas ideias ou dúvidas com os autores!

Sabia que o maior estímulo no desenvolvimento científico e cultural é a curiosidade? Deixe seus questionamentos ou sugestões para o autor!

Faça login para interagir

Tem uma dúvida ou sugestão? Compartilhe seu feedback com os autores!

Eixo Temático
  • Eixo 08 - Saúde Coletiva, diversidade cultural e epistemologias