Anais do Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva
Anais do 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva

Os sintomas remanescentes e sequelas da fase aguda da infecção pela covid-19 representam uma crise global emergente. A maioria dos estudos têm focado na ocorrência de sinais/sintomas residuais, fazendo com que os fatores associados sejam pouco compreendidos. Além disso, majoritariamente as pesquisas investigam população hospitalizada e de países desenvolvidos, aumentando a lacuna acerca do tema.

Objetivos

Identificar a prevalência de covid longa e seus fatores associados em adultos e idosos após infecção pela COVID-19, residentes em Rio Grande/RS.

Metodologia

Estudo transversal, com indivíduos adultos e idosos de Rio Grande/RS, diagnosticados via RT-PCR para covid-19 entre dezembro/2020 e março/2021. A presença de covid longa foi verificada a partir da resposta afirmativa para a persistência de pelo menos um dos 19 sintomas investigados. Para análise de fatores associados foi realizado modelo hierárquico e utilizou-se Regressão de Poisson com ajuste robusto para variância.

Resultados

A amostra deste estudo foi 2.919 indivíduos. A prevalência de covid longa foi de 48,3% (IC95% 46,5-50,1). Os sintomas remanescentes mais prevalentes foram perda de memória (72,6%; IC95% 69,2-75,8), perda de atenção (69,4%; IC95% 65,5-73,0), problemas de pele (39,8%; IC95% 33,4-46,6) e fadiga (26,8%; IC95%24,9-28,7). Após ajustes, permaneceram associadas ao desfecho sexo feminino (RP 1,76; IC95%1,61-1,93), multimorbidade (RP 1,54; IC95%1,26-1,75) e internação (RP 1,32; IC95% 1,08-1,61).

Conclusões/Considerações

Os achados deste estudo demonstram a alta prevalência de covid longa e a maior vulnerabilidade do sexo feminino, daqueles que sofreram internação e com doenças crônicas prévias, indicando uma demanda emergente de cuidados a longo prazo para esta população. Estes resultados podem auxiliar no desenvolvimento de estratégias para tratamento, monitoramento e gestão da covid longa.