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No Brasil, até o final de 2020, havia 57.099 refugiados reconhecidos, e 28.899 novas solicitações. O deslocamento forçado pode alterar o estado de saúde dos refugiados de diversas formas, seja antes, durante ou após o processo migratório e os motivos específicos que resultaram na migração, os riscos no trajeto e a transição cultural ao chegar podem estar associados aos problemas de saúde.
Objetivos
Descrever as condições de saúde autorrelatadas por solicitantes de refúgio atendidos pela Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro (Cáritas RJ) no período de 2010 a 2017.
Metodologia
Estudo transversal de dados secundários. Foram coletados os dados de indivíduos que preencheram os formulários de solicitação de refúgio do Comitê Nacional para Refugiados nos anos 2010 a 2017 e participaram da entrevista social na Cáritas-RJ. A entrevista social é um roteiro estruturado de perguntas abertas e fechadas que consultam, dentre outros assuntos, sobre a saúde dos solicitantes de refúgio, e é realizada em geral nas primeiras semanas após a chegada ao Brasil. A prevalência de condições de saúde, suas categorias e os respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%) foram calculados.
Resultados
Foram incluídos no estudo 1509 solicitantes de refúgio. A maior parte da população era do sexo masculino (65%), solteiro (64%), tinha entre 25 e 44 anos (71%), chegou ao Brasil por meio de transporte aéreo (82%) e estava documentado (65%). Na chegada ao Brasil, 41% (IC95%=38-43) dos solicitantes de refúgio relataram ter uma ou mais condições de saúde, a maior parte apenas uma condição de saúde (65%, IC95%=61-69). Dentre as pessoas que autorrelataram alguma condição de saúde, mais da metade informou sentir dores (52%, IC95%=47,7–55,5). Informaram estarem grávidas no momento da chegada ao Brasil 51 mulheres (18%, IC95%=13,5–22,4), e apenas uma relatou estar em acompanhamento no posto de saúde.
Conclusões/Considerações
Os solicitantes de refúgio chegam ao Brasil com diversas demandas de saúde a serem atendidas. Chama a atenção a elevada proporção de mulheres gestantes e a insuficiente utilização dos serviços de saúde sugerida nas respostas. A frequência da dor como sintoma também é relevante, uma vez que nessa população a dor relatada pode ser física ou mental, e estudos sugerem que ela pode estar associada a estresse pós-traumático ou depressão.
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