CHEFIA DO DOMICÍLIO E ATIVIDADE SEXUAL: IMPACTO NA COBERTURA DE SERVIÇOS DE PLANEJAMENTO FAMILIAR

Vol 2, 2022 - 160603
Relato de Pesquisa
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Resumo

A proporção de domicílios chefiados por mulheres vem aumentando ao longo do tempo. Alguns estudos exploraram a potencial associação de chefia feminina com contracepção, especialmente entre adolescentes, todavia os resultados são inconclusivos. As desigualdades persistentes na cobertura de planejamento familiar tornam fundamental a identificação de grupos populacionais que permanecem sem acesso.

Objetivos

Nosso objetivo foi avaliar diferenças em atividade sexual e demanda por planejamento familiar satisfeita por métodos modernos (DPFSm) em países de baixa e média renda de acordo com o sexo do chefe do domicílio e seu estado conjugal.

Metodologia

Usamos dados de inquéritos DHS realizados entre 2010 e 2019. A amostra inclui mulheres em idade reprodutiva. Desigualdades em DPFSm foram exploradas de acordo com sexo do chefe (domicílios chefiados por homens (DCH)/mulheres (DCM)) e considerando a sua interseccionalidade com estado conjugal, categorizado em: (I) não casada/em união, casada/em união (II) com o parceiro morando no domicílio e (III) sem o parceiro no domicílio. Análises ajustadas para idade, estado conjugal e presença do parceiro foram feitas usando regressão Poisson. Outras variáveis descritivas incluídas foram tempo desde a última relação sexual e razão de não uso de contraceptivos.

Resultados

32 dos 59 países apresentaram diferenças significativas na DPFSm, com maior cobertura entre mulheres que moram em DCH em 27 países. Maiores desigualdades foram observadas em Bangladesh (38% e 75% em DCM e DCH, respectivamente), Afeganistão (14% e 40%) e Egito (56% e 80%). Comparando todos os países e utilizando DCH com referência, a razão de prevalência foi 0,92 (IC95%:0,89;0,95). Após o ajuste, não foram observadas diferenças. Em DCM e em DCH, mulheres casadas sem o parceiro apresentaram menor DPFSm em relação às não casadas ou casadas com o parceiro. As proporções de mulheres sem atividade sexual nos últimos seis meses e que não usam contraceptivo por sexo infrequente foram maiores em DCM.

Conclusões/Considerações

Nossos resultados indicam uma relação entre sexo do chefe do domicílio, atividade sexual e DPFSm. Em geral, a menor cobertura de DPFSm entre mulheres residentes em DCM parece estar principalmente associada à sua menor chance de engravidar, dada a ausência do parceiro no domicílio e a infrequência da atividade sexual.

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  • Eixo 02 - Desafios e caminhos para (re)construção do Brasil e o papel das políticas sociais