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A maioria dos estudos sobre saúde/doenças cardiovasculares não aborda a interseccionalidade e limita essa discussão na hierarquia dos grandes eixos de diferenciação social. A discussão sobre os fatores de risco é insuficiente, portanto, a incorporação da interseccionalidade leva a uma nova perspectiva para compreender as desigualdades em saúde, mas ainda envolve desafios metodológicos.
Objetivos
Este estudo tem como objetivo avaliar a não aditividade dos efeitos de gênero, raça e escolaridade na saúde cardiovascular ideal (ICH) entre participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto - ELSA- Brasil.
Metodologia
Estudo transversal da linha de base do ELSA- Brasil, entre 2008-2010. Um escore de ICH foi definido pela American Heart Association como a soma de 7 fatores e comportamentos favoráveis à saúde. As variáveis de exposição foram sexo, raça e escolaridade. As medidas calculadas para descrever a interação aditiva foram: excesso de risco relativo devido à interação, proporção atribuível à interação (AP) e índice de sinergia. A média do ICH foi estimada para cada uma das categorias de exposição e os riscos relativos foram calculados usando regressão de Poisson com variância robusta. O ICH médio observado foi comparado com o esperado na ausência de interação nas escalas aditiva e multiplicativa.
Resultados
As análises incluindo interações aditivas entre gênero, raça e escolaridade no escore ICH revelam interações positivas. Observou-se maior AP entre sexo e escolaridade (mulheres com ensino superior ou superior) e entre raça e escolaridade (branca com ensino superior ou superior). Para as mulheres com escolaridade superior, a média de ICH observada considerando a interação aditiva foi cerca de 2,8 vezes maior do que o valor esperado na ausência da interação. Os valores médios de ICH observados são maiores do que o esperado nas escalas aditiva e multiplicativa (interação positiva entre gênero e escolaridade). A média do ICH aumenta com a escolaridade, sendo maior para o sexo feminino.
Conclusões/Considerações
Maiores escores de ICH foram observados com o aumento da escolaridade, principalmente em mulheres. A compreensão das experiências psicossociais que influenciam as atitudes em relação à ICH, o acesso aos cuidados de saúde e as escolhas de estilo de vida saudável devem ser pensadas para reduzir as iniquidades em saúde e propor políticas públicas mais adequadas como estratégia de assistência e prevenção das doenças cardiovasculares.
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