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Ao longo do tempo a vacinação permitiu que muitas doenças preveníveis pudessem ser controladas ou erradicadas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que vacinas sejam administradas em pelo menos 90% (BCG e rotavírus) e 95% (demais vacinas) do público infantil. Com a pandemia de COVID-19, desde março de 2020 alguns serviços de assistência à saúde ficaram ameaçados, incluindo imunizações.
Objetivos
Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 na cobertura vacinal (CV) de dez imunizações indicadas para crianças de até 1 ano de idade no Brasil a partir do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Sistema Único de Saúde (SUS).
Metodologia
Estudo com dados secundários provenientes do Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Os valores de CV são calculados pelo próprio PNI e foram obtidos para Brasil e regiões, de 2015 até 2021, no dia 25 de maio de 2022. O cálculo é realizado a partir da divisão do número de vacinas aplicadas pelo número de indivíduos na população-alvo (crianças de até um ano conforme o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos), multiplicando o resultado por 100. As dez vacinas avaliadas foram: BCG, hepatite B, rotavírus (última dose), meningococo C, pentavalente (última dose), pneumocócica, poliomielite (última dose), pneumocócica (1º reforço), meningococo C (1º reforço) e tríplice Viral (1º dose).
Resultados
Em 2021 foram registrados os menores valores de CV para todas as vacinas avaliadas. Nos anos 2020-2021 a CV média do conjunto das dez vacinas estudadas foi de 72,2% (Brasil), 67,4% (Norte), 69,2% (Nordeste), 71,9% (Sudeste), 80,3% (Sul) e 76,7% (Centro-Oeste), enquanto que em 2015-2019 foi de 89,0% (Brasil). Vacinas como BCG, meningococo C, pentavalente e poliomielite que tinham CV próximas a 100% em 2015, em 2019 já estavam com menos de 90% e, em 2021, em torno de 70%. Houve reduções nas proporções médias de CV entre 2015-2019 vs. 2020-2021 que variaram de 12,3% (pentavalente) a 25,5% (BCG). No período 2020-2021 a CV ficou no mínimo 16,4 pontos percentuais (rotavírus) aquém da meta da OMS.
Conclusões/Considerações
Antes da pandemia já havia uma redução da CV. Contudo, em 2020-2021 foram registrados valores consideravelmente menores que nos anos anteriores. A diminuição da CV alerta aos gestores públicos para ações prioritárias para aumentar a imunização infantil devido às inúmeras consequências para a saúde pública, elevando o risco de doenças evitáveis não só em crianças, mas em toda a comunidade. As regiões Norte e Nordeste merecem destaque nessas ações.
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