A CONTRIBUIÇÃO DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA FORMAÇÃO DE NUTRICIONISTAS CRÍTICAS

Vol 1, 2019 - 122504
Exposição Oral
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Resumo

Antes de iniciar o relato acerca da experiência vivenciada como extensionistas, faz-se necessário evidenciar como a Extensão Universitária é compreendida pelas autoras deste trabalho. Tomando, por base, as reflexões provocadas por Freire (1983), a Extensão Universitária é entendida como processo educativo, crítico e transformador, com atuação na e com a realidade, reconhecendo os atores sociais como sujeitos da práxis, incompletos e, por isso, em busca do ser e saber mais, a partir da intersubjetividade, da relação dialógica, amparada pela interdisciplinaridade e interprofissionalidade, pela política educacional, cultural, científica e tecnológica, e pela indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, de modo a vislumbrar a transformação social. A partir desta visão de Extensão, que é comunicação (FREIRE, 1983), e de mundo, e considerando a necessidade de: estabelecer um processo de educação crítico de nutricionistas; provocar uma integração à realidade e; possibilitar a assunção de atores sociais como sujeitos do processo, cognoscentes, protagonistas ativos e coparticipantes, elaborou-se, juntamente à comunidade, o projeto de extensão “Resgatando saberes e práticas: aproximação necessária entre produção e consumo de alimentos para formação e atuação crítica e consciente de nutricionistas”. Este projeto tinha por objetivo, construir um espaço de discussão e ação permanente acerca dos aspectos científicos, tecnológicos, culturais e sociais que abarcam a produção e o consumo de alimentos agroecológicos, com vistas à promoção da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, propondo atividades de discussão sobre o modelo de formação de nutricionistas, bem como o modelo agroalimentar, identificando as barreiras impostas para comercialização e produção de alimentos agroecológicos (ANJOS; COSTA; SCHNEIDER, 2016). O projeto, realizado no âmbito da Universidade Federal do Paraná, foi estruturado, metodologicamente, em três momentos distintos, sendo os dois primeiros voltados ao desvelamento de situações-limites identificadas na formação de nutricionistas e nas comunidades do meio rural e, o terceiro direcionado para assessoria técnica às unidades de comercialização e produção de alimentos, a exemplo das agroindústrias de base familiar e agroecológica (ANJOS; COSTA; SCHNEIDER, 2016). Diante dessa contextualização, esse relato visa explicitar a experiência de discentes de nutrição acerca de suas vivências enquanto integrantes da equipe desse projeto, entre os anos de 2015 e 2017. Nesse decurso, destaca-se uma das atividades realizadas, considerando-a como uma das vivências mais relevantes, por possibilitar a interação com agricultores e agricultoras agroecológicos e a integração na realidade das agroindústrias familiares. Mediante interação dialógica foi possível aproximar-se e compreender a realidade desses sujeitos, a carga cultural, tradicional, sustentável e emocional presentes no trabalho desenvolvido, bem como, identificar as situações-limites vivenciadas no que tange à produção e comercialização de produtos agroecológicos. Ao longo do projeto, foram realizadas rodas dialógicas internas e externas, visando reflexão e problematização da visão primeira, de modo a transformá-la em crítica. Esses momentos, anteriores ou posteriores à prática, de práxis, auxiliaram na tomada de consciência crítica e, em uma prática mais dialógica e menos impositiva para com a comunidade, facilitando o processo de codificação-decodificação dos problemas vislumbrados pelos atores sociais, a partir de uma atuação comunicadora. A tomada de consciência, permitiu, aos atores sociais, re-ad-mirar a ad-miração anterior, possibilitando transformar o inédito-viável em ação-editanda, de modo a impulsionar atos-limites. Ainda, o projeto, possibilitou a compreensão de que, estando no mundo e com ele, nossa ação se ampara na de educadoras-educandas, ao mesmo tempo em que educandas-educadoras (FREIRE, 2018). A partir de nossa compreensão de que por estarmos “coisificadas”, não (nos) transformamos, em justa raiva, assumimo-nos sujeitos da nossa história, conscientes de nossa atuação, cidadãs, em comunhão e mediatizadas por questões que abarcam a Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, capaz de pronunciar a assunção como libertadoras, libertadas e contra-hegemônica, preparadas para - depois de um distanciamento da extensão e da graduação – lutar por nossa constante libertação e transformação (da sociedade). Referências: ANJOS, M. C. R; COSTA, I. B.; SCHNEIDER, G. S. Resgatando saberes e práticas: aproximação necessária entre produção e consumo de alimentos para formação e atuação crítica e consciente de nutricionistas. In: ESOCITE, XI Jornadas latino-americanas de estudos sociais da ciência e da tecnologia. UTFPR, Curitiba. Anais... Curitiba: 2016. FREIRE, P. Extensão ou comunicação? Paz e Terra. 8ª ed. 65p. 1983. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 65ª ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2018.

Eixo Temático
  • GT 14- Extensão e educação popular: Estratégias de enfrentamento para a garantia do Direito à Saúde e do Bem Viver