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Quality turn e seus desdobramentos sobre o sistema agroalimentar tradicional: a re (conexão) entre produtores e consumidores

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A demanda por alimentos cresce constantemente para atender as exigências do mercado, entretanto o mesmo encontra-se sob pressão para garantir, de forma sustentável, a segurança alimentar e o fornecimento de alimentos de qualidade para a sociedade. No entanto, a própria industrialização é percebida como um processo que pode distanciar o alimento das pessoas, na medida em que dificulta a percepção da origem dos ingredientes que compõe um determinado alimento. Nesse sentido, observa-se uma mudança na demanda de alimentos industrializados, para uma demanda de valorização de produtos tradicionais e de proximidade espacial. A partir daí os sistemas agroalimentares alternativos, como as cadeias curtas e demais estratégias de re (conexão) entre produtores e consumidores, passam a ser compreendidas como exemplos de reciprocidade, demonstrando qualidade e confiança nos produtos ofertados. A chegada de novas formas de produção e consumo, que emergem como alternativa aos questionamentos sobre os limites e incongruências da agricultura moderna ganham força e destaque a partir de 1990 (Goodman, 2002), com o chamado movimento quality turn, conhecido no Brasil como virada da qualidade. Dessa forma, o presente ensaio tem como objetivo compreender o surgimento do quality turn e seus desdobramentos sobre o sistema agroalimentar tradicional. Atualmente, o movimento de “virada da qualidade” vem ganhando notoriedade frente ao cenário mundial e empresas transnacionais associadas a produção de alimentos. Por fim, embora carregado de valores sociais, ambientais e tradicionais, os sistemas agroalimentares alternativos, não representa<strong>m</strong> uma estrutura substitutiva as formas convencionais e hegemônicas de produção de alimentos. Todavia, apresentam-se como uma possibilidade de dinamização de economias locais em regiões rurais especificas, bem como apresentam-se como uma oportunidade de escolha para determinados movimentos de consumidores mais conscientes e críticos a produção de alimentos.