A PRAIA REABITADA: A INVENÇÃO DO DIVERTIMENTO LITORÂNEO EM FORTALEZA (1900-1930)
A praia nem sempre se caracterizou como local de práticas de divertimento. Nas maiores cidades litorâneas do Brasil, pouco a pouco, a frequência às praias ganha novos contornos e outras finalidades se desenham. De um lugar de trabalho ou simplesmente de depósito de lixo e dejetos, a praia começa a ser percebida como um local em que se pode curar diversos males e, também, divertir-se. No caso do litoral que margeia a cidade de Fortaleza, até aproximadamente 1920, não se encontram registros que mencionem a praia para além do trabalho. Habitada principalmente por pescadores tinha como nome Praia do Peixe. É a partir da década de 1920 que esta praia experimenta deslocamentos de sentidos, culminando inclusive com a substituição do seu nome para Praia de Iracema no ano de 1925, quando então, passa a ser frequentada pela elite fortalezense para fins terapêuticos e de divertimento. Pretendemos neste trabalho identificar os discursos que perpassaram a transformação de sentidos da praia em Fortaleza e os usos relacionados às práticas de divertimento que se tornaram possíveis desde então.