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Uso de sedativos e hipnóticos em idosos nas unidades de terapia intensiva

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RESUMO
INTRODUÇÃO: Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), o uso de hipnóticos e sedativos é uma prática comum, devido às condições-clínicas do paciente, sobretudo no que tange a presença de dor, agitação e delirium. Estes medicamentos são classificados como Medicamentos de Alta Vigilância, cujos eventos adversos implicam numa maior gravidade ao paciente, especialmente em idosos, cujo processo de envelhecimento impõem importantes alterações farmacocinéticas. OBJETIVOS: Traçar o perfil de consumo de sedativos e hipnóticos em idosos internados em UTI. MÉTODO: Coorte retrospectiva realizada com idosos internados em oito UTI de um hospital universitário de São Paulo/SP. A amostra consecutiva foi composta por 255 idosos, cujo tempo de permanencia foi > 24 h. Foram coletados dados relativos ao perfil clinico dos idosos e do regime terapêutico. Os sedativos foram classificados segundo a ATC (Anatomical Therapeutic Classification) da Organização Mundial da Saúde. Realizou-se análise descritiva dos dados. RESULTADOS: A maioria dos idosos pertencia ao sexo masculino (55,3%) e evoluíram para alta da UTI (74,5%). A média de idade de 70,7 anos, de co-morbidades de 3,4, de tempo de internação de 9,7 dias. O risco de morte medido pelo SAPSII na admissão foi, em média, de 18%. No que tange ao perfil terapêutico observou-se que mais da metade dos idosos (53%) recebeu pelo menos um sedativo, que usaram em média 22,4 medicamentos, 2,8 sedativos/hipnóticos por dia e cujo tempo de uso destes agentes foi em media 6,1 dias. Os sedativos/hipnóticos mais usados foram fentanil (39,6%), dexmedetomidina (27%) e midazolam (25,1%). CONCLUSÃO: Os idosos internados nas UTI foram expostos a polifarmácia excessiva (22,4 medicamentos) e usaram mais do que um sedativo/hipnótico por dia, especialmente em regime multimodal (fentanil+midazolam). Apesar destes agentes estarem em conformidade com aqueles indicados em protocolos internacionais para esse estrato etário, é fundamental que seja realizado monitoramento dos eventos adversos destes agentes, especialmente pela equipe de enfermagem, que pode identificar precocemente sinais e sintomas de sucesso ou insucesso terapêutico.