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Incontinências urinária e fecal em pacientes hospitalizados:prevalência e fatores associados.

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Objetivo: Identificar e analisar a prevalência das incontinências urinária e fecal, de forma isolada e combinada, e as variáveis sociodemográficas e clínicas associadas à sua ocorrência em pacientes hospitalizados. Métodos: trata-se de um estudo epidemiológico observacional, transversal e descritivo, no qual a amostra do estudo foi constituída por 345 pacientes adultos e idosos hospitalizados no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. O presente estudo foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da USP e do Hospital Universitário da USP com os respectivos protocolos 51278715.0.0000.5392 e 51278715.0.3001.0076. Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: Questionário de Dados Sociodemograficos e Clínicos, Características das Perdas Urinárias, International Consultation on Incontinence Questionnaire - ICIQ-SF, Hábito Intestinal na População Geral e o Índice de Incontinência Anal – IIA. A prevalência dos eventos estudados foi levantada quatro vezes (prevalência-ponto), em um único dia, por quatro meses, de forma a atender o tamanho amostral para a análise dos fatores associados. Os dados foram analisados utilizando-se os testes qui-quadrado e Fisher para as variáveis categóricas, os testes t-student e Mann-Whitney para as variáveis numéricas, além de regressão logística (forward stepwise) para a identificação de fatores associados. Resultados: mulheres (194 / 56,3%) e brancos (165 / 47,8%) predominaram na amostra; com idade média de 48,9 anos (DP = 21,2) e baixo nível de escolaridade (média de 8,3; DP = 4,5 anos de estudo). Hipertensão Arterial (134 / 38,8%) e Diabetes Mellitus (80 / 23,2%) foram as comorbidades mais frequentes; 39 (11,3%) pacientes eram acamados. Obtiveram-se as seguintes prevalências: 22,9% para incontinência urinária (28% para mulheres e 16,1% para homens); 7,9% para incontinência fecal (9,4% para mulheres e 6% para homens) e 4,7% para incontinência combinada (7,3% para mulheres e 1,4% para homens). Dentre as incontinências, conseguiu-se detectar fatores associados somente para a incontinência urinária: sexo feminino (OR=3,89; IC95% 1,899-7,991); idade (OR=1,03; IC95% 1,019-1,054); asma (OR=3,66; IC95% 1,302-10,290); estar em uso de laxantes (OR=3,26; IC95% 1,085-9,811); o uso de fralda no momento da avaliação (OR=2,75; IC95% 1,096-6,908); o uso de fralda em casa (OR=10,29; IC95% 1,839-57,606) e o uso de fralda em algum momento da internação (OR=6,74; IC95% 0,496-91,834). Conclusões: Os valores de prevalência encontrados no presente estudo, assim como os fatores associados, foram similares aos achados de estudos epidemiológicos nacionais e internacionais realizados com população geral 1-3, e menos similares àqueles da escassa literatura internacional existente sobre o tema para adultos e idosos hospitalizados 4,5. Implicações para a prática clínica: incentivar a visibilidade das incontinências no cenário da hospitalização proporciona o desenvolvimento de cuidados específicos voltados para essa população, assim como a educação do próprio indivíduo para o melhor manejo das incontinências.