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CARGA ALOSTÁTICA ELEVADA EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM ONCOLÓGICA: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS

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Objetivo: Descrever a prevalência e os fatores associados a carga alostática elevada em profissionais de enfermagem oncológica. Método: Estudo transversal, com 231 profissionais de um Centro de Alta Complexidade em Oncologia, selecionados de forma aleatória. Entre dezembro/2013 e junho/2015 foi realizada entrevista para avaliação de variáveis sociodemográficas, relacionadas ao trabalho e hábitos de vida. A carga alostática foi analisada por mediadores neuroendócrinos, metabólicos, cardiovasculares e imunológicos, obtidos a partir de amostra de sangue periférico, aferição da pressão arterial casual e medidas antropométricas. Os fatores associados foram avaliados por meio da Regressão de Poisson com variância robusta, sendo considerados estatisticamente significativos valores de p≤0,05. Resultados: As prevalências de mediadores alterados foram 29,0% pressão arterial sistólica, 36,4% pressão arterial diastólica, 13,0% razão cintura-quadril, 61,5% proteína-C reativa ultrassensível, 29,9% fibrinogênio, 84,4% colesterol total, 9,5% HDL-colesterol, 37,2% triglicérides, 15,6% hemoglobina glicada, 5,2% creatinina e 64,5% cortisol plasmático. A prevalência de carga alostática elevada foi de 58,0% (IC95%:41%-75%), contemplando 57,1% das mulheres e 62,5% dos homens (p=0,527). Os fatores associados a carga alostática foram: concentração diminuída durante o plantão raramente/nunca (RP=1,36;IC95%:1,05-1,76); hipertensão do avental branco (RP=1,82;IC95%:1,39-2,38); comer alimentos doces entre 1 e 4 dias por semana (RP=1,48;IC95%:1,13-1,93) e entre 5 a 7 dias por semana (RP=1,53;IC95%: 1,16-2,02); e, maior pressão arterial sistólica média da MAPA do período de 24 horas (RP=1,01;IC95%: 1,003-1,021). Conclusões: A prevalência de carga alostática elevada entre os profissionais de enfermagem foi elevada e se associou com concentração, frequência do consumo de alimentos doces, hipertensão do avental branco e MAPA de 24 horas. Implicações para a clínica: A partir de parâmetros biológicos comumente obtidos em avaliações de saúde, como o exame periódico de saúde ocupacional, o Índice de Carga Alostática (ICA) permite identificar os indivíduos com estresse crônico e mais sujeitos ao desenvolvimento de morbimortalidades neuroendócrinas, metabólicas, cardiovasculares e imunológicas. Esse diagnóstico permite a realização de intervenções para minimizar ou interromper esse processo.