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ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL E EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DO DEMANDS OF ILLNESS INVENTORY-PATIENT VERSION EM PACIENTES COM DOENÇA ONCOLÓGICA

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Objetivo: adaptar culturalmente e avaliar as propriedades psicométricas dos instrumentos Demands of Illness Inventory (DOII)-versão do paciente, em pacientes portadores de câncer, para a Língua Portuguesa falada no Brasil. Método: Estudo de tipo metodológico desenvolvido em duas etapas; a adaptação transcultural e a avaliação psicométrica dos instrumentos. A adaptação transcultural realizada foi preconizada por Beaton et al. Composta por cinco etapas: tradução, síntese, retrotradução, comitê de especialistas e pré-teste. O comitê foi composto por oito especialistas e o pré-teste foi realizado junto a 31 pacientes com câncer colorretal. Para avaliar as propriedades psicométricas foi realizada junto a 658 pacientes com câncer em tratamento quimioterápico de um hospital de grande porte público de São Paulo, adotando a recomendação de 5 indivíduos por item. Para avaliar de forma quantitativa a validade de conteúdo foi usado o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) e o coeficiente Kappa, além disso foram seguidas as diretrizes para construção de um instrumento de medida, assim como a objetividade e simplicidade dos termos, a validade de construto realizou-se mediante a Análise Fatorial Exploratória (AFE), para a validade convergente e divergente foi realizada a análise de correlação com o Termômetro de Distress e o instrumento que avalia a qualidade de vida para paciente oncológico EORTC-CQC-30, respectivamente. A confiabilidade foi testada pelos coeficientes, alfa de Cronbach e ômega de McDonald. Os dados foram processados mediante os softwares estatísticos FACTOR 10.3 e SPSS-v 22. Resultados: Todas as etapas de adaptação transcultural foram realizadas satisfatoriamente, na validade de conteúdo o instrumento sofreu algumas alterações significativas após analise do comitê e aceitas pelo autor do instrumento: a escala de resposta original variava de 0 a 4 e passou a variar de 1 a 5, a opção NA foi suprimida e dois itens foram subdivididos. Ainda, na análise quantitativa desta validade a maioria dos itens alcançou valores acima de 0,75 e 0,72 para o IVC e Kappa, respectivamente; na validade de construto, de acordo com os indicadores, KMO=0,930 e χ² de Bartlett = (8256) 47209,9; p < 0,001 foi possível realizar a AFE, mediante a Análise Paralela, 90 itens alcançaram carga fatorial acima de 0,30 e foram retidos 11 fatores que explicam o 46,5% da variância total do fenômeno em estudo: Monitoramento de Sintomas, Relacionamento e Cuidado com o Esposo, Sintomas Físicos, Relacionamento com a Equipe de Saúde, Cuidado com os Filhos, Autoimagem, Ajustes no Estilo de Vida, Significado Pessoal, Adaptação, Integração do Funcionamento Familiar e Necessidades de Informação sobre o Tratamento. A confiabilidade para a escala total foi de 0,961 para o alfa de Cronbach e 0,952 para Ômega de McDonald. As correlações das validades, convergente e divergente foram r=0,434 (p<0,001) e r=-0,402 (p<0,001), respectivamente. Conclusões: O DOII-versão do paciente, mostrou-se adaptado culturalmente em pacientes com doença crônica como o câncer no contexto brasileiro apresentando evidências satisfatórias de validade de conteúdo, construto e confiabilidade, recomenda-se realizar a Análise Fatorial Confirmatória. Implicações para a prática clínica: este instrumento pode contribuir na identificação das demandas dos pacientes oncológicos, fato que auxiliaria os profissionais de saúde.