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Evolução da forma do crânio e mandíbula em clados com representantes terrícolas e semiarborícolas/arborícolas de Dipsadidae (Squamata: serpentes)
Cristiane Régis de Barros de Marcos Marcos
Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Agora você poderia compartilhar comigo suas dúvidas, observações e parabenizações
Crie um tópicoEstudos que agregam informações sobre história natural, uso de recursos e ocupação de habitat têm sido utilizados para inferir pressões geradoras de diferenças morfológicas. Dipsadidae é um grupo monofilético de Serpentes com cerca de 800 spp. e diversos hábitos. A maioria dos trabalhos de morfologia do grupo se atém a investigar relação entre alimentação e forma do crânio. Entretanto, poucos exploram a influência do hábito sobre essa estrutura. Nosso objetivo é explorar a diversidade de formas em crânios de representantes terrícolas e semiarborícolas/arborícolas de seis tribos da família Dipsadidae, testando a hipótese de correlação entre forma e hábitos. Foram analisados crânios e mandíbulas de 36 espécimes pertencentes a 27 espécies, das quais foram adquiridas 236 imagens para análise com Morfometria Geométrica (MG). Foram definidos 23 e 11 marcos anatômicos para vista lateral do crânio e medial da mandíbula, respectivamente. Para os Métodos Filogenéticos Comparativos (MFC) foi utilizada a filogenia de Tonini et al (2016). As coordenadas de MG geradas foram submetidas às análises de variância e de componentes principais (PCA) para avaliar possíveis erros metodológicos e visualizar a variação da forma. As principais variações de forma dizem respeito à altura da cabeça, tamanho do supratemporal e angulação da mandíbula. Foi realizada uma reconstrução do filomorfoespaço com projeção da filogenia da família Dipsadidae no PCA e testes de permutação para verificação de sinal filogenético. Os resultados indicam um sinal filogenético significante e, aparentemente, preponderante em relação ao hábito, ainda que esse pareça também influenciar a forma.
Nathália Siqueira Veríssimo Louzada
Parabéns, Cristiane, seu estudo tá muito interessante! Fiquei curiosa em saber como é a disponibilidade de crânios para estudo em serpentes. Você encontrou alguma dificuldade para obtenção de representantes de algum táxon ou normalmente há disponibilidade ampla de material para ser estudado?
Desejo sucesso na dissertação!
Ana Galvão
Muito interessante o trabalho e a apresentação, Cris! Parabéns!!!
Cristiane Régis de Barros de Marcos Marcos
Obrigada, Ana!
Diogo B. Provete
Olá Cristiane,
parabéns pelo trabalho, um conjunto de dados bem interessante. Gostaria de saber alguns pontos:
1) vcs tb testaram pra ver se a fonte do dado (CT-Scan ou foto) influencia o resultado do Procustes?
2) seria legal ter o plot da alometria pra ver como é o padrão, mesmo sem ser "significativo" dá pra tirar informações importantes do plot. Por exemplo, vc já pensou em testar pra convergência vs. divergência nas trajetórias de alometria (veja Adams & Nistri 2010 BMC Evol Biol)?
3) Porque vcs escolheram a filogenia do Tonini et al.? Pode dar mais detalhes? Essa é uma árvore fully-sampled pra fazer imputação de missing taxa e o comprimento de ramo não é exato porque é estimado por métodos de birth-death. Ela não seria a mais recomendada pra esse tipo de análise (veja Rabosky 2015 https://doi.org/10.1111/evo.12817)
4) vcs tentaram usar o teste de K de Blomberg multivariado (Adams 2014)? Ele é mais robusto que esse teste de aleatorização da filogenia porque é baseado num modelo evolutivo explícito.
5) vcs não testaram o efeito do habitat na forma do crânio e mandíbula?
Cristiane Régis de Barros de Marcos Marcos
Obrigada, Diogo. Vamos lá...
1) O trabalho de Souto et al. (2019) comparou e mediu erros em análises de MG usando crânios de serpente da espécie Liophis miliaris preparados por maceração (fotografias) e por microCT. Os resultados indicaram que as diferenças entre imagens de crânios secos e tomografados estão dentro de um intervalo de variação intraespecífica e, portanto, dão suporte ao uso de espécimes preparados através de ambas as técnicas em uma mesma análise de MG. Por conta disso, utilizei espécimes com preparações distintas.
2) Eu fiz os plots sim. Mas como os valores de p para ambas as estruturas não foram significativos, eu não inclui os plots. Mas de fato pode ser interessante incluir nas próximas análises para a minha dissertação. Vou procurar a referência. Obrigada pela sugestão.
3) Na época em que fizemos as análises (que são preliminares) a filogenia de Tonini et al. (2016) foi a única que conseguimos todos os dados de comprimentos de ramos com os táxons que precisávamos. Para as análises finais, pretendemos utilizar outra(s) filogenia(s). Já tenho mais táxons para incluir numa próxima rodada de análises e pretendo usar outra filogenia. Obrigada pela sugestão de bibliografia. Vou procurar e fazer a leitura.
4) Eu não utilizei o teste K porque minhas análises foram rodadas no MorphoJ, que utiliza o teste de permutação da filogenia. De fato o teste K é mais robusto, já li a referência sugerida (Adams, 2014). Pretendo fazer nas análises finais que farei no R ao invés de utilizar o MorphoJ. Ainda estou tentando me familiarizar com o R para fazer isso.
5)Ainda não. Esse será um dos testes que devemos fazer nas análises finais.
Muito obrigada pelas sugestões.
Diogo B. Provete
Legal Cristiane, parabéns novamente
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Cristiane Régis de Barros de Marcos Marcos
Oi. Nathália. Obrigada. Eu tenho algumas dificuldades em relação à disponibilidade de material para meu estudo. Primeiro porque uma das formas de obter as imagens para as análises é fazendo a preparação do crânio, o que implica em danificar o material - a extração do crânio é feita por maceração - e nem sempre é possível obter autorização de curadores para realizar esse procedimento. A segunda dificuldade é que o outro método de obtenção de imagens é através da realização de microtomografia computadorizada (micro CT-scan). O Museu Nacional não dispõe desse equipamento e eu preciso fazer essas imagens em laboratórios externos ao MN. Além de tudo isso a pandemia atrapalhou bastante processos de empréstimo de material de outras instituições.
Para contornar esses problemas, a maior parte dos exemplares que analisei até o momento são oriundos das coleções de répteis do Museu Nacional e do Laboratório de Répteis do IB/UFRJ - onde tenho acesso mais fácil às coleções; Alguns crânios já estavam preparados, o que também facilitou a obtenção de algumas imagens. Além disso, temos uma parceria com um laboratório da COPPE, onde consigo fazer as imagens de tomografia. Também recorri a repositórios digitais para obter mais tomografias - principalmente de espécies que não temos aqui no Brasil. Como essa família tem a maior diversidade de Serpentes da região Neotropical (cerca de 800 espécies), é muito difícil conseguir ter acesso a todos os táxons para incluir nas minhas análises, mas meus esforços estão concentrados em tentar incluir o maior número possível de espécies nas minhas análises.